Além de fortalecer a luta pela reforma agrária, movimento vai chamar trabalhadores do campo e da cidade para debater a questão da política monetária do BC.
São Paulo – O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra incluiu a defesa da política de juros baixos na pauta de sua 26ª Jornada Nacional de Lutas em Defesa da Reforma Agrária. O chamado “abril vermelho” do MST lembra também os 27 anos do massacre de Eldorado dos Carajás, em 17 de abril de 1996. O combate aos juros altos passou a dividir as prioridades do movimento: “Nossa tarefa número 1 é defender o governo Lula, que ajudamos a eleger. E em segundo lugar lutar contra a política de juros do Banco Central. Neste mês de abril vamos chamar os trabalhadores do campo e da cidade para explicar tudo isso. Não está em discussão a importância do Banco Central, mas essa política desnecessária no atual momento econômico”, afirmou João Paulo Rodrigues, da coordenação nacional do movimento.
Em entrevista coletiva realizada nesta terça-feira (11), ao lado de outras lideranças, ele destacou que outro ponto importante deste mês: o assentamento de todas as famílias sem-terra que se encontram acampadas. Isso porque desde o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff (PT) nenhuma família foi assentada no país. “Há hoje 60 mil famílias embaixo de lona. Somando com as cadastradas pelo Incra, soma 100 mil”, disse.
Segundo a liderança, na próxima semana haverá a primeira reunião com representantes do governo Lula para começar a tratar dessa questão. A expectativa é abordar também temas pertinentes, como políticas de crédito para os assentados poderem produzir. “Nosso sonho é que esse governo apresente um programa de reforma agrária, em que desenhe quantas famílias serão assentadas ao longo dos quatro anos, quais serão as agroindústrias criadas nesse período e o crédito.”
Jornada do MST é de esperança
Além disso, estão nos planos do MST a retomada de projetos na área ambiental. No entanto, para deslanchar esse e outros projetos, é necessário ainda superar problemas relacionados ao governo anterior. É o caso da violência no campo. Segundo João Paulo, ainda prevalece a ofensiva de milícias armadas, ligadas a fazendeiros, que se respaldam na antiga lei que permitia a caçadores, atiradores e colecionadores, os CACs, a colecionar grandes quantidades de armas e munições.
As ocupações, marca do abril de lutas do MST, serão reduzidas. E realizadas apenas com objetivo “didático”. Ou seja, de denunciar o latifúndio improdutivo. “Nossa jornada é de esperança. Não é justo o agronegócio ficar com a fama quando é a agricultura familiar que produz alimentos. Além disso, há aproximadamente 100 milhões de hectares usados na agricultura, dos quais 65 milhões com o agronegócio e apenas 35 milhões com os pequenos e médios produtores. Nossa luta é pela democracia na terra, produção de alimentos, preservação ambiental e paz”, afirmou.
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Via Rede Brasil Atual.