O 10º Encontro Nacional das Mulheres do PT foi o maior encontro setorial realizado no ano, tendo reunido 255 delegadas de quase todos os estados do país. Realizado nos dias 17 e 18 de maio em Brasília, o Encontro elegeu a nova secretária e o novo coletivo nacional de mulheres do PT.
Três teses com suas respectivas candidatas disputaram o Encontro, e as diferenças políticas entre elas eram visíveis. As mulheres do campo Construindo um Novo Brasil (CNB) sofreram o desfalque do setor organizado por Suely de Oliveira e o grupo “Expressão Feminista” da Bahia, mais identificadas com a AMB (Articulação de Mulheres Brasileiras), que formaram sua própria chapa e apresentaram tese separadamente das antigas aliadas do CNB.
A chapa da esquerda petista foi encabeçada por Angélica Fernandes e trazia um discurso organizado por um feminismo socialista no PT, com críticas contundentes à interdição do debate e à paralisia que caracterizaram os 10 anos de gestão CNB à frente da Secretaria Nacional de Mulheres. A tese propunha um reencontro do PT com as lutas feministas e conseguiu emplacar emendas importantes, como a que afirma que o feminismo socialista “não dissocia a luta pela superação da opressão sexual da necessidade de profundas mudanças sociais e da ruptura com as brutais desigualdades de classe e étnico-raciais”.
A chapa da esquerda foi essencial na construção de resoluções consensuais do Encontro, como a defesa contundente da legalização do aborto e a solidariedade às mulheres do Mato Grosso do Sul que estão sendo indiciadas por recorrerem ao aborto. A resolução do Encontro de Mulheres encaminha à direção do partido o pedido de comissão de ética para os parlamentares petistas que contrariam a resolução partidária que defende a descriminalização do aborto e sua regulamentação no SUS, conforme aprovado por ampla maioria no 3º Congresso do partido.
O discurso sectário da atual maioria permaneceu em voga. Sem responder às críticas à paralisia a que a Secretaria Nacional de Mulheres do PT-SNMPT foi submetida nestes 10 anos, a campanha da nova secretária, Laisy Morière, buscou se afirmar na identidade geral do ex-campo majoritário.
Laisy Morière foi eleita secretária nacional, e sua chapa elegeu 5 integrantes do novo coletivo. A chapa da esquerda petista, “Reconstruir o Feminismo no PT”, ficou com 4; a outra chapa ficou com uma companheira no coletivo.