A Central Única dos Trabalhadores – CUT, coerente com sua história e seus princípios, está na linha de frente da luta contra o golpe em curso no Brasil. Numa conjuntura nacional e internacional de ataque às democracias com o objetivo claro de reduzir direitos e retomar o projeto neoliberal, a tarefa da CUT é unir a classe trabalhadora e todos os setores progressistas no enfrentamento a esses ataques.
Coordenação Nacional da CSD
CUT Socialista e Democrática, corrente interna da CUT
17 de agosto de 2016
Qualquer que seja o desfecho do golpe parlamentar, travestido de impeachment, o reencontro com a soberania popular se impõe, seja para criar as condições de retomada do governo Dilma, seja para combater a normalização institucional de um governo golpista. Abster-se da continuidade de uma luta democrática e por novas eleições leva a ilusão de acumular forças até 2018, num cenário de resistência e oposição às políticas do governo ilegítimo. Essa estratégia é insuficiente diante da gravidade do golpe e do programa do governo golpista. O ataque à democracia, por sua natureza, pode ter força para aprofundar sua trajetória de perseguição às nossas lideranças, em especial ao Presidente Lula, e às organizações da esquerda, indo até o limite de inviabilizar a própria oposição e resistência presente e futura. O programa golpista, pela profundidade dos retrocessos que anuncia, se efetivado, significa um ataque estrutural aos direitos dos trabalhadores/as e uma interdição das políticas sociais, num verdadeiro acerto de contas da direita com as conquistas sociais das últimas décadas.
Mais do que a defesa de novas eleições, como estratégia para interromper o governo ilegítimo, a CUT deve reafirmar também a defesa de uma profunda reforma política que impeça o sequestro da democracia pelo financiamento privado e pela mídia oligopolizada e valorize o poder do voto popular, aperfeiçoando o sistema político eleitoral brasileiro. Esses objetivos, porém, só poderão ser alcançados por meio de uma assembleia constituinte exclusiva e soberana convocada para este fim.
Nesse sentido saudamos a carta da Presidenta Dilma aos senadores e ao povo brasileiro pela altivez e compromisso histórico de colocar no centro da disputa política a reposição e qualificação da ordem democrática e a manutenção das conquistas políticas e sociais do povo brasileiro em detrimento, inclusive, do legítimo direito a conclusão do mandato para o qual foi eleita.
A força da luta democrática e da luta em defesa dos direitos passa necessariamente pela associação de uma à outra. É necessário tornar nítida a conexão entre a mudança de governo e os ataques aos direitos. Defendemos a unidade da classe trabalhadora, através do conjunto das centrais sindicais, em torno da luta pelos direitos com vistas à construção da greve geral. Porém isso não significa a CUT abrir mão de sua autonomia e combatividade na luta democrática de denúncia do golpe e dos responsáveis pela ameaça à classe.
A CUT, portanto, assumindo seu papel de referência para a esquerda brasileira e de maior central sindical da América Latina deve persistir na unidade entre os lutadores/as em defesa da democracia e dos direitos reafirmando o papel central da ação unitária das Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo em torno das bandeiras:
- Fora Temer!
- Nenhum Direito a Menos!
- Em defesa da Reforma Política!
- Eleições Já!