A Democracia Socialista, corrente interna do Partido dos Trabalhadores, manifesta profundo pesar pelo falecimento precoce do companheiro Lédio Rosa de Andrade, candidato do PT ao Senado nas eleições de 2018, aos 60 anos, em decorrência de problemas cardíacos.
Lédio destacou-se como grande e combativa liderança estudantil nos anos 70, quando cursava Direito na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Foi presidente do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da universidade e da União Catarinense dos Estudantes (UCE).
Iniciou sua trajetória na magistratura aos 23 anos, tornando-se o juiz mais jovem do país à época. Desenvolveu o programa Lar Legal, que visava dar dignidade a milhares de famílias carentes através do processo de regularização de posse de terrenos e propriedades.
Destacou-se como uma das mais marcantes vozes contra arbitrariedades cometidas por setores do Poder Judiciário no Brasil – especialmente após a morte de seu particular amigo, o reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancelier de Olivo.
Após finalizar seu processo de aposentadoria da magistratura, filiou-se ao Partido dos Trabalhadores em um grande ato realizado em Florianópolis e teve sua ficha abonada pelo ex-presidente Lula.
Concorreu ao Senado, tendo como primeiro suplente em sua chapa o companheiro Vanio dos Santos. Ao longo da campanha, estabeleceu relação direta com o público através de sua simplicidade, apesar das limitações físicas causadas por resquícios de um quadro de poliomielite na infância.
Também era psicólogo e possuía doutorado em Filosofía Jurídica, Moral e Política, pós-doutorado em Direito e doutorado em Psicologia Clínica e da Saúde, todos pela Universidad de Barcelona.
Lédio, presente!
Santa Catarina, 29 de janeiro de 2019.
_________________________________________________
“A vida é isso, companheiros: é luta permanente e a democracia não permite descanso…”
Em 05 de outubro de 2017, em sessão solene em homenagem ao reitor da UFSC, Luiz Carlos Cancellier, Lédio fez um emocionante discurso sobre os tempos sombrios que se aproximavam do Brasil. Na oportunidade afirmou:
“Cometemos um erro, pois os ditadores de espírito nunca morrem. Estes estão sempre aí. Estão aqui, neste momento, alguns deles, esperando a hora de voltar. Sempre! Esta luta não acaba. E se nós descansarmos, eles voltam.
Quando se fala em estado democrático de direito, estamos falando de muito sangue, de muita guerra. De conquistas feitas com suor e com o esforço dos nossos antepassados. Quando se fala em ampla defesa, de estado democrático de direito, de contraditório, Isso não é brincadeira. Estes néscios, que estão por aí falando bobagens, não sabem o que é ditadura, não sabem que eles serão os primeiros a clamar por estado de direito daqui a pouco.
E foi dentro destas condições que o Cao se deparou com a mais perfeita ditadura; que é a ditadura feita em nome da moral; a ditadura feita em nome da justiça; a ditadura feita em nome da democracia.
(…) a vida é isso, companheiros: é luta permanente e a democracia não permite descanso. Eu hoje, como professor da UFSC, sou uma pessoa que tem orgulho e alegria, como desembargador, tenho vergonha!
Porcos e homens se confundem. Fascistas e democratas usam as mesmas togas. Eles estão de volta. Temos que pará-los. Vamos derrubá-los, novamente.”