Existe uma “janela” de oportunidade para o impeachment de Jair Bolsonaro:
A “janela” é curta porque esse governo tem estratégia de comunicação dinâmica, se reposicionando politicamente sem muito prejuízo. Então, para defender o impeachment e fazer crescer esta reivindicação é fundamental promover a lembrança sobre o que ocorreu na pandemia de forma reiterada.
Resumo da ação criminosa de Bolsonaro:
– No início, Jair Bolsonaro negou que existisse uma pandemia. Ele minimizou a letalidade do coronavírus, o quanto a doença podia matar. Na China, havia morrido cerca de 7 mil pessoas e esse número incentivou os negacionistas liderados pelo presidente a defenderem que o Brasil não podia parar, que a vida deveria seguir normalmente.
Diante das recomendações para a implementação de um distanciamento social generalizado e da paralisação de uma série de atividades, o “bolsonarismo” criou um conflito, um antagonismo entre economia vs. Preservação da vida e esse movimento, sempre liderado por Jair Bolsonaro, foi contrário a todas as iniciativas de isolamento ou distanciamento social. As medidas pelo distanciamento foram desqualificadas por Bolsonaro. O presidente também atuou contra o uso de máscaras e contra a vacina. Ou seja, Jair Bolsonaro atuou para sabotar todas as ferramentas existentes contra o coronavírus.
– Em diferentes ocasiões, ele ainda incentivou aglomerações e anunciou que a pandemia estava no fim. Ao mesmo tempo, Jair Bolsonaro patrocinou a publicidade e a distribuição de medicamentos que não têm qualquer efeito contra a Covid e usou sua autoridade e a máquina pública para classifica-los como um “tratamento precoce” oficial, recomendado pelo Ministério da Saúde, algo que só piorou o quadro dos usuários que contraíram a doença.
– Agora, Jair Bolsonaro quer se reposicionar fingindo que nada disso existiu. Para que esse processo de esquecimento não ocorra, a sociedade brasileira como um todo precisa ser lembrada deste resumo reiteradamente e de diferentes formas.
– Manter viva tal recordação é muito importante para reivindicar a realização do impeachment. Isso porque, a velocidade da comunicação nas redes e o bombardeamento de informações sobre os indivíduos a cada minuto ajuda que as pessoas se esqueçam mais rapidamente dos fatos ocorridos. Portanto, para preservar a memória dos que se foram e quebrar o ciclo de maldade desse grupo fundamentalista que está no poder, é preciso manter viva a lembrança sobre as atitudes de Jair Bolsonaro, do seu governo e das figuras que o seguem. Se as atitudes de Bolsonaro não forem lembradas sistematicamente, serão esquecidas pela maioria silenciosa que tenta sobreviver a cada dia vivido, que não é organizada politicamente.
Pedro Camarão é jornalista e mestre em Comunicação e Semiótica.