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O PT e o Movimento Estudantil

Ocorreu entre os dias 04 e 08 de Julho em Brasília o 50° Congresso da União Nacional dos Estudantes, que contou com a presença de mais de cinco mil estudantes, sendo que dois mil e quatrocentos votaram na plenária final. A juventude do PT esteve presente com força e vitalidade. A pluralidade e autonomia foram garantidas a partir da atuação das tendências internas que animam e influenciam diversas teses, que procuram hegemonizar as resoluções da entidade.

A unidade foi expressa na destacada presença que a juventude do PT teve no ato público do 50º CONUNE, contra a política econômica do governo federal. Com muito visual e com muita militância pedimos a demissão do presidente do Banco Central Henrique Meireles.

No fim do Congresso, a Juventude do PT se dividiu em duas chapas, elegendo seis dos 17 diretores da executiva da UNE, mantendo o tamanho que teve no último congresso. Esse resultado deixa a juventude do PT bem posicionada na conjuntura do movimento estudantil brasileiro, pois quatro desses seis diretores da executiva da UNE foram eleitos pela chapa vitoriosa e os outros dois pela segunda chapa mais votada.

Contudo, não podemos afirmar que apenas aspectos positivos marcaram a atuação da juventude do PT na UNE. Em nome de uma suposta unidade do partido no movimento estudantil, alguns setores romperam com princípios históricos do PT como a autonomia do movimento social e a construção da unidade a partir da ação concreta e não por decretos de direção.

Dois fatos confirmam essa tentativa desastrosa de promover unidade de cima pra baixo. No dia da plenária final circulou uma carta assinada por alguns dirigentes partidários, como o presidente do partido e o secretário de relações internacionais, convocando os petistas a estarem em uma única chapa no congresso. A tentativa de constranger uma parte da militância foi tão evidente quanto inócua, tendo em vista o caráter democrático do nosso partido.

O segundo e mais grave foi feito pelos companheiros e companheiras da Articulação de Esquerda, Articulação Unidade na Luta, O Trabalho e o Movimento PT, que compuseram a chapa derrotada. A chapa composta pela militância dessas tendências teve como nome “Juventude Petista”, numa tentativa de privatizar e fraudar a atuação e identidade partidária, já que a chapa vitoriosa do congresso contou com o apoio de mais delegados petistas do que a dita “chapa do PT” e numa clara ação contra a autonomia do movimento estudantil que sempre foi tão cara ao nosso Partido que tem como uma de suas grandes qualidades o respeito a autonomia do movimentos sociais e o combate ao aparelhamento das entidades. Cabe ressaltar que nem em congressos que unificaram o conjunto das tendências internas do PT a chapa teve esse tipo de nomenclatura ou identidade, pois os petistas sempre entenderam as particularidades da dinâmica do movimento estudantil com relação a uma atuação partidária.

Os companheiros ignoraram que na outra chapa havia um conjunto significativo de militantes petistas, independentes e membros de vários grupos como a Democracia Socialista, o MAIS, a Tendência Marxista. Os companheiros desrespeitaram essa militância petista ao tentar se apropriar da identidade do Partido e tentar vender a ilusão de que a unidade só podia ser construída numa chapa própria e não em uma chapa de composição com outras juventudes aliadas, como a juventude do PC do B, por exemplo.

A unidade das forças do PT é algo importante, porém ela não pode ser construída de forma artificial e muito menos podemos sobrepô-la a unidade das forças de esquerda e populares, logo a dita chapa do PT no CONUNE mais serviu à dispersão dessas forças do que a construção de uma identidade comum e de uma plataforma de lutas que contribua para a transformação da realidade brasileira. Não podemos deixar de ressaltar a importância da unidade dos campos democráticos e populares para o avanço da luta pela transformação, o movimento estudantil perdeu vários anos na disputa interna das entidades e deixou de disputar a socidade.

Os companheiros ignoraram e desrespeitaram a instância máxima da juventude do PT, o coletivo nacional, que estava dividido ao meio, com cada metade apoiando cada chapa. No estatuto do PT fica claro que se os companheiros queriam fazer o debate de unidade no congresso da UNE deveriam ter levado esse debate ao Coletivo Nacional de Juventude:

“Art. 236: § 3º: A definição e organização da atuação política do Partido nos movimentos sociais , respeitadas as suas autonomias, deverá ser decidida nas instâncias partidárias.”

Esses fatos são ainda mais graves se levarmos em conta que estamos construindo um processo unitário da juventude do PT para o III Congresso e para a convocação do I Congresso da Juventude do PT, ainda no segundo semestre desse ano. A quebra de confiança com essas atitudes no Congresso da UNE, um dos maiores espaços de juventude do Brasil, devem provocar uma reflexão profunda e coletiva da juventude do PT para que possamos terminar o ano com um grande Congresso da Juventude do PT que organize a nossa juventude para os desafios da luta de classes no país.

Assinam os militantes petistas:

Louise Caroline – VicePresidente da UNE
Josué Medeiros – 2o VicePresidente da UNE
Bruno Vanhoni – 1o Tesoureiro da UNE
Márcio Ladeia – Diretor de Pagas da UNE
Sarah de Roure – Diretora da UNE
Ricardo Barazzeti – Diretor da UNE
Mário Felipe – Diretor da UNE
Tatiana Cibele – Diretora da UNE
Felix Aureliano – Coletivo Nacional de Juventude do PT
Eduardo Valdoski – CNJPT
Verônica Maia – CNJPT
Vladyson Viana – CNJPT
Alberto Koppikte – Suplente CNJPT
Alcidark Costa – Sup. CNJPT

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