A Organização Revolucionária Marxista – Democracia Socialista nasce em 1979 em meio aos debates e ações para a formação de um partido operário. É conhecido que a ORM-DS resultou do trabalho de unificação propiciado pelo jornal Em Tempo. O jornal foi o catalisador de grupos que defendiam construir uma organização marxista para ter um papel de vanguarda na construção de um partido independente dos trabalhadores. Era comum na esquerda que organizações pequenas (às vezes autonomeadas “partido”) se considerassem o “embrião” do futuro partido revolucionário. Não era o nosso caso. Para a DS, o surgimento do Partido dos Trabalhadores foi o grande encontro entre nossa concepção marxista (e leninista) de construção partidária e movimentos da classe operária que ganhavam consciência da necessidade de um partido próprio.
A construção de uma corrente programática
Ainda que o documento tenha sido publicado 2 anos depois de fundada a Organização, esse debate já vinha ocorrendo. E é ele que orienta e organiza a construção de uma corrente como parte da construção de um partido. A DS deve a essa diretriz sua construção e continuidade. Nela estão contidos a enraizada visão de democracia partidária e de democracia na construção do socialismo que sempre nos caracterizaram. Está o ponto de vista internacionalista e a forte consideração de que o PT, mesmo guardando originalidades, não se colocava fora dos marcos da experiência das Internacionais, dos aprendizados com as vitórias e derrotas revolucionárias e dos riscos ali contidos, inclusive os das traições. Por isso mesmo a DS nunca separou a construção do partido de massas e a construção de uma organização marxista-revolucionária no seu interior. E ainda, esses dois elementos são mutuamente condicionantes .
Dias atuais
A primeira década de construção do PT na perspectiva de um partido revolucionário foi amplamente vitoriosa. Entre as vitórias essenciais, a democracia interna: o direito de tendência e a proporcionalidade nas instâncias executivas. A ela se somaram avanços programáticos no sentido de afirmar o PT como partido independente face a burguesia e ao Estado. Em vista disso, a DS transformou-se em tendência partidária em 1988. Essa transformação foi essencial para dar máxima potência ao seu papel de vanguarda na construção partidária. Seguiu-se a conquista da dimensão feminista. É preciso ver que nossa concepção matriz de construção do partido e de construção da tendência foi elaborada em um período de ascenso social. Com a mudança da correlação de forças no mundo e no Brasil – a favor do capitalismo – passou a enfrentar barreiras crescentes. Com a experiência de governo, impasses grandiosos. Nos dias atuais, sob a inspiração do nosso marco fundacional, temos que novamente erguer a questão da construção do partido revolucionário e buscar sua resposta.
Confira os documentos que nortearam a transformação da DS em tendência partidária: O PT e o partido revolucionário no Brasil e Democracia Socialista, A construção do PT como partido revolucionário. I Conferência Nacional, 1988.
Carlos Henrique Árabe é Secretário Nacional de Comunicação do PT e militante da Democracia Socialista.
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