A decisão do encontro, se não foi de apoio formal, certamente foi no sentido de facilitar a reeleição do Senador Eunicio Oliveira (MDB), atual presidente do Congresso.
Na contramão de decisão anterior, aprovada de forma unânime pelo Diretório Estadual do partido, o Encontro ignorou solenemente a conjuntura nacional, os significados e os motivos do golpe jurídico – parlamentar – midiático que afastou a Presidente Dilma e os embates futuros com nossas elites que ainda não concluíram a execução de seu plano de espoliação de nossas riquezas e de massacre dos direitos do povo trabalhador.
Pergunta-se: e depois?
E quando vier nova proposta de reforma da previdência? E quando vierem as propostas de privatização da Eletrobrás, dos Correios, do Banco do Brasil e da Caixa Econômica? A venda (entrega) de 70% das reservas do pré-sal foi aprovada pela Câmara Federal. Ainda falta ser votada pelo Senado. Como se comportará o Senador Eunicio diante desses temas? E se ganharmos à Presidência da República? Como vamos revogar medidas como a Reforma Trabalhista e o congelamento dos gastos sociais pelos próximos 20 anos, com apoio do Senador Eunicio? Como vamos nos proteger se houver nova tentativa de golpe, com afastamento do presidente legitimamente eleito?
Essas perguntas não foram respondidas pelo Encontro.
O Encontro esqueceu que o que está em jogo é nosso projeto de nação que deve estar acima de qualquer outro interesse.
O que cabe ao PT é continuar na resistência. Uma resistência que passa pela organização e reforço das lutas e manifestações populares; na luta pela libertação de Lula e sua eleição para a Presidência; pela reeleição de Camilo e eleição de uma forte bancada petista de Deputados Federais e Estaduais.
Essas são as principais tarefas e responsabilidades daqueles que de fato se importam em organizar a luta para nos livrar do projeto de barbárie social que nos ameaça hoje é concretizar nosso sonho de uma sociedade em que todos – o povo trabalhador, os jovens, os pequenos proprietários do campo e da cidade, as mulheres, os negros, os índios, os LGBTs – possam viver sem medo, sem opressão ou exploração.
Waldemir Catanho é jornalista e militante do PT CE.