Democracia Socialista

O PT precisa romper com o governo golpista do Espírito Santo

Samira Sanches**

André Casotti Louzada*

 O Brasil tem vivido, desde a reeleição da presidenta Dilma, momentos de constante tensão política e intensa disputa de projetos de nação. O momento histórico é decisivo para a democracia. Devemos lutar contra o golpe em todos os cantos do país. No Espírito Santo, o PT não pode mais participar do Governo Paulo Hartung (PMDB), assumidamente golpista.

Para situar o debate, é necessário fazermos um breve resgate. O PT do Espírito Santo, que teve candidatura própria ao governo do estado em 2014, decidiu pela composição do governo Paulo Hartung (PMDB), em uma perspectiva de repactuação democrática para garantir a governabilidade da presidenta recém-eleita. A DS, consciente de que se tratava de uma decisão complexa, mas tendo em vista um esforço coletivo para sustentação do nosso projeto nacional, endossou essa decisão

Hoje, porém, vivemos uma situação completamente diferente.

O governador Paulo Hartung tem declarado publicamente, nos últimos meses, apoio ao golpe institucional comandado por seus correligionários Eduardo Cunha e Michel Temer. Em meio a uma conjuntura acelerada e cada vez mais desafiadora, a Coordenação Estadual da DS decidiu, por unanimidade, sair do governo estadual e propor ao PT a sua ruptura com ele, entendendo que as condições colocadas para o apoio e participação petista em nenhum momento se concretizaram.

Na trágica derrota que a democracia sofreu no dia 17 de abril, no circo de horrores que se transformou a Câmara Federal, a bancada do Espírito Santo foi proporcionalmente uma das que teve o maior número de votos a favor do golpe, com a honrosa exceção dos dois deputados federais petistas Givaldo Vieira e Helder Salomão. O Governador, sabidamente, operou para garantir o cenário de ontem e continuará a fazê-lo junto ao Senado. Não existe condição política para continuar participando de um governo que participa do golpe e nos humilha publicamente.

Nesse momento, precisamos demonstrar compromisso com a nossa história e com o conjunto da nossa militância. Reivindicamos a convocação imediata de uma reunião do Diretório Estadual, espaço deliberativo para discutir os rumos do partido no Espírito Santo. O papel da direção estadual do PT não pode ser o de engessar o debate político e a ação crítica do partido.

Vivemos em um momento crucial para a retomada das razões pelas quais fomos criados há mais de 36 anos e que se sustentam nesse período, apesar de todas as adversidades.

Nossos passos de agora em diante têm que reencontrar a construção de um PT que queremos em nível local em consonância com os desafios e batalhas que continuaremos a traçar nacionalmente.

Lutar pela democracia e pelo nosso legado de 13 anos é se envolver diretamente no enfrentamento a essa direita fascista, contra sua direção burguesa neoliberal e na defesa do nosso projeto nacional.

 

*Integrantes da Executiva Estadual do Partido do Trabalhadores do Espírito Santo

** Coordenação Nacional da Democracia Socialista (DS), tendência do PT