A deputada federal Margarida Salomão (PT-MG) falou ao site da Democracia Socialista sobre a disputa para a presidência da Câmara de Deputados. De acordo com ela, “a bancada do PT vem desde o início desse processo, com a liderança da presidenta Gleisi, tentando criar dentro da Câmara um bloco de oposição que inclui os partidos que historicamente se alinharam conosco e, principalmente, o PSOL, que não faz parte, digamos, desse bloco histórico, mas que teve uma participação importantíssima no segundo turno da eleição de 2018. Então a nossa ideia é construirmos um bloco de esquerda com PSOL, com PCdoB, com PSB, com PDT. Essa era nossa disposição originária, até com a possibilidade de ampliar um pouco na direção do chamado centro do Congresso, para que nós pudéssemos, não só fazer uma oposição consistente, uma oposição relevante, mas fazê-lo ocupando posições que dentro da Câmara são importantes para realizar o trabalho parlamentar.
Neste momento nós estamos considerando duas coisas que são inarredáveis. Uma delas é que Rodrigo Maia se alinha com o PSL e desde então se torna uma absoluta impossibilidade qualquer composição política com Rodrigo Maia. Não há como explicar para sociedade que nós fazemos oposição ao Bolsonaro, mas participamos de um bloco parlamentar que inclui o partido dele, o PSL. Esse é um dado e a própria presidenta Gleisi e o líder da bancada Paulo Pimenta já deixaram absolutamente claro que uma solução com Maia é inviável para o PT. Então esse é um ponto importante.
Em segundo lugar, uma outra etapa desse processo, por essa mesma razão, o PSB se diferenciou do PDT e do PC do B e disse que também não marcharia junto com Maia. Isso é uma mudança bem-vinda nesse momento.
Neste momento tão crítico para a sociedade brasileira que está vivendo uma inflexão antimoderna, obscurantista, contra tudo que representou a luta que desaguou tanto na Constituição de 88, como na liderança progressista oferecida à sociedade a partir das vitórias de Lula e de Dilma, inclusive com a participação do PCdoB, do PSB e do PDT, é preciso demarcar e não turvar o entendimento político de que é necessário fazer uma forte oposição a Bolsonaro e uma oposição que seja compreensível pela sociedade.
O PT prossegue tentando construir um bloco de esquerda com a participação da sociedade e buscando uma solução alternativa, mas que definitivamente não envolve em nenhum momento o apoio à candidatura de Rodrigo Maia nessa conjuntura.”