Em 6 de julho, inicia-se a campanha eleitoral. Serão três meses de propaganda, mobilização, debates e atividades, buscando a vitória eleitoral, e mais do que isso, o avanço da consciência social e da experiência democrática do povo brasileiro. Para nós, esses momentos são de afirmação e consolidação de um projeto político de sociedade – democrático, socialista e igualitário. Essa visão estratégica norteou a preparação do PT-RS para as eleições deste ano.
Raul Pont *
Em 2009, ao nos anteciparmos ao calendário nacional do PT, construímos – com diálogo e autonomia – a unidade e coesão do Partido em torno da candidatura do companheiro Tarso Genro. Selamos, assim, a candidatura própria do PT, e passamos a dialogar com os partidos aliados, numa posição mais consolidada do que a enfrentada por nosso partido em vários estados do país, onde apoiaremos outros partidos políticos, mesmo fora do campo popular. Defendemos, desde o início, que a disputa eleitoral, mesmo quando necessita de alianças, não pode ser desvinculada da disputa de hegemonia e de identidade programática.
Nossa estratégia não ignorou, nem por um momento, a prioridade da candidatura Dilma e da construção de apoios em torno da campanha à Presidência da República. Mas entendemos que uma tática eleitoral consistente deve considerar o papel estratégico do PT no desempenho eleitoral, por ser este o partido de Lula e de Dilma. A nós, portanto, cabem as maiores responsabilidades.
Cientes disso, não poupamos esforços para reunir, numa mesma coligação, os partidos com quem temos sintonia e identidade política tanto no plano nacional quanto no estado: PSB, PCdoB, PPL (Partido Pátria Livre). A retirada das candidaturas de Ciro Gomes à presidência e do deputado Beto Albuquerque ao governo do RS, ambos do PSB, foi importante nessa coerência de lutas e de programa entre os nossos partidos. Reafirma, ainda, a generosidade maior do projeto político que estamos construindo juntos no Brasil. Em seis estados estamos apoiando as candidaturas do PSB.
Na construção da política de alianças, mantivemos uma agenda de diálogos com o PDT, que também integra o governo Lula e, aqui no RS, desde o início manteve-se na oposição ao governo Yeda. No entanto, a opção dos trabalhistas foi pela coligação com o PMDB. Essa posição não abala as boas relações que temos construídas. Seguimos juntos com o PDT à frente do comitê pluripartidário da pré-candidatura Dilma.
Da mesma forma, seguimos em tratativas com PRB e PR. Ambos integram o governo Lula, apoiam Dilma à presidência. Queremos que essa aliança se reproduza também em nosso estado, em torno da candidatura de Tarso Genro. Encaminha-se, ainda, a indicação do ex-deputado e ex-prefeito Beto Grill, do PSB, como vice de Tarso. Nossa chapa majoritária também busca a reeleição do companheiro Paulo Paim ao Senado.
Cenário eleitoral
Faltando praticamente um mês para a abertura da campanha, já temos um quadro definido no Rio Grande do Sul. A governadora Yeda Crusius concorre à reeleição com PSDB, PP e PPS – partidos mais neoliberais e à direita no espectro político gaúcho. Nas pesquisas eleitorais apresentadas até o momento, a governadora tem ficado na faixa dos 8 a 9% das intenções de voto.
O candidato José Fogaça, que renunciou à Prefeitura de Porto Alegre para concorrer, representa a coligação PMDB/PDT. Seu desempenho nas pesquisas eleitorais tem ficado na casa dos 28% a 29%. Carrega consigo a marca das contradições de seu partido no RS. Enquanto o PMDB nacional não só apoia a candidatura de Dilma como também indica o deputado Michel Temer para vice, no estado, o PMDB está dividido entre Dilma e Serra. Enquanto alguns deputados participam de almoço com o candidato tucano, prefeitos, vereadores, lideranças populares já estão em atividades do comitê pluripartidário da candidatura Dilma.
Não bastasse isso, o PMDB apresenta candidatura própria ao mesmo tempo em que integra o governo de Yeda Crusius como um dos principais partidos a lhe dar sustentação na Assembléia Legislativa. E o PDT, que compõe a aliança com Fogaça, nacionalmente é Dilma e integra nosso comitê pluripartidário, já em funcionamento.
Do nosso lado, a candidatura Tarso conta com quatro partidos coligados: PT, PSB, PCdoB, PPL. Temos liderado todas as pesquisas de intenção de voto realizadas até o momento, alcançando a casa dos 35% a 37%. Temos uma candidatura e uma aliança eleitoral identificadas com o projeto nacional representado pelo governo Lula.
Somos protagonistas e defensores de um programa que tem mudado a cara do Brasil nestes últimos oito anos. Participamos ativamente dessas mudanças. Exemplo disso é o papel desempenhado pelo companheiro Tarso à frente dos Ministérios da Educação e da Justiça. Para nós, ProUni e Pronasci não são discursos, são exemplos de práticas que estão mudando a vida de milhares de pessoas em todo o país, assim como um grande número de outras políticas públicas que marcam o governo Lula. Queremos ver o Rio Grande crescendo no ritmo do Brasil, com políticas de soberania e desenvolvimento econômico e social, e ao mesmo tempo, recuperar a rica experiência de democracia participativa que praticamos em Porto Alegre e no estado.
* Raul Pont é deputado estadual e presidente estadual do PT-RS.