Luta política levada a sério não é nem nunca foi algo confortável. E que portanto não é séria uma postura que se diz ética, separada de forças históricas, de compromissos políticos e de respeito à democracia.
MIGUEL ROSSETTO
De todas as imposturas que se viu nos últimos dias, uma se destacou: o senador Simon disse no debate da última terça que iria à tribuna do senado pedir o impeachment do Presidente Lula, em função do que noticiaram os jornais. Em pleno 20 de setembro, estava lá o senador-candidato, que vive em Brasília, a reclamar do presidente Lula. Não falou de impeachment (não estava mais num debate de uma tevê gaúcha), mas reclamou um dinheiro que a Lei Kandir inviabiliza que entre nos cofres do RS. A mesma Lei que ele, já senador, ajudou a aprovar.
Engrossando o coro do autoritarismo e vestindo a máscara de golpista de ocasião, o candidato-senador inventou, na tribuna do senado, que o PT trata mal o Rio Grande. O senador parece apostar numa idéia de representação política que ignora quem é representado, isto é, o povo. Usa a pirotecnia gestual, para jogar palavras ao vento, sem qualquer ressonância na vida das pessoas.
O candidato Simon sempre foi aliado de primeira hora do que hoje finge combater. Esteve ao lado de Britto, de Fernando Henrique, mas não se dispõe a responder pelas escolhas que fez e ainda faz. Ele parece julgar que flana na história e que esta, a história, supostamente seria feita de desmemoriados. Pois nós lembraremos ao candidato-senador que luta política levada a sério não é nem nunca foi algo confortável. E que portanto não é séria uma postura que se diz ética, separada de forças históricas, de compromissos políticos e de respeito à democracia.
O senador-candidato Pedro Simon tem lado. Na sua ânsia de esconder seus aliados, parece cometer a ilusão de que a história e a experiência podem ser reivindicadas sem respeito à memória.
O senador-candidato se apresenta, agora, como um parasita de crise político-eleitoral. E eu sou candidato, entre outras coisas, muitas, porque não considero essa uma postura séria.
A Política, para mim, é uma escolha de vida. As minhas palavras não são palavras soltas ao vento, em gestos disparatados, que visam a infantilizar os conflitos, para esconder os meus deveres e maquiar a minha história. Eu entendo que levar a representatividade a sério exige o compromisso da transparência de nossas ações.
O meu nome é Miguel Rossetto, eu não nasci ontem, nem caí do céu, para bradar ética, como se ética, moral e Política fossem intenções alheias ao mundo. E não aceito nem admito a intolerância, o desrespeito e o autoritarismo dos que pensam que se pode fazer política como parasita de crises e desmemoriados de ocasião. Parasitar crises não é sério. Nem ético.
Miguel Rossetto, foi sindicalista, deputado federal, vice-governador do Rio Grande do Sul e Ministro do Desenvolvimento Agrário. É candidato a senador no RS e escreve em seu blog: http://blogdorossetto.blogspot.com