A busca pela gratuidade no transporte público brasileiro tem raízes profundas na necessidade de acesso universal à educação e ao direito à cidade. As e os estudantes, muitas vezes, enfrentam dificuldades econômicas e sociais que tornam as altas tarifas cobradas no transporte público e a escassez de rotas e frotas em fatores determinantes para a capacidade da estudantada de frequentar as instituições de ensino, por isso o passe livre, quando conquistado, será a política pública mais abrangente de permanência estudantil.
Nossa luta pelo passe livre é antiga, sendo organizada desde os anos 40 pelas organizações estudantis (UNE, UBES, ANPG, UEEs, DCEs, DAs, CAs e Grêmios Estudantis), a luta pelo direito à tarifa zero sempre foi tida como uma forma de garantir que a juventude brasileira consiga sonhar um futuro com condições dignas de vida e com qualidade educacional. Com o passar dos anos, muitas conquistas foram efetivadas, como o direito a meia entrada em eventos culturais, teatros e cinemas e a conquista da Meia Passagem nas capitais.
Todas essas conquistas são frutos de muita luta coletiva travada pela comunidade estudantil. A Revolta do Buzu, que ocorreu em 2004 na cidade de Salvador onde os estudantes bloquearam importantes vias na cidade por 3 semanas contra o aumento da tarifa; A Revolta da Catraca, onde a juventude bloqueou o acesso à ilha de Florianópolis por dias no ano de 2004; O Movimento Pau de Arara, que ocupou a Prefeitura de Mossoró/RN nos anos de 2014 contra o aumento de 2 reais proposto para as passagens no município.
Mas a nossa luta continua. A realidade brasileira nos coloca diante de uma juventude vulnerável socioeconomicamente, que, por vezes, não consegue ter acesso a direitos básicos como educação, saúde, cultura e lazer por não terem estrutura financeira que permita que tais jovens possam transitar em suas cidades, conseguirem utilizar o transporte coletivo, e isso se intensifica, principalmente, pelos constantes reajustes de valor da passagem que marginaliza e precariza cada vez mais a classe estudantil e trabalhadora de nosso país.
O passe-livre é um elemento estruturante e imprescindível na construção de uma política de assistência estudantil comprometida com a qualidade de vida dos e das estudantes. A luta pelo passe-livre estudantil é a luta contra a evasão escolar e pela permanência desses estudantes nas escolas e universidades, é a luta pela valorização da cultura, do esporte, do lazer e pelo direito à cidade, fundamentais para a formação estudantil e cidadã.
São inúmeros os exemplos de manifestações e luta por melhorias nas rotas e nas frotas, contra o aumento da tarifa, pela gratuidade das passagens, do interior a capital, nas redes e roçados, com cada vez mais exemplos e, a cada exemplo novo exemplo, mais avanços na nossa luta. Some-se a Kizomba nessa luta, vem com a gente fazer crescer a esperança nas mentes e corações das e dos estudantes.
Luh Vieira é Presidenta da União Estadual dos Estudantes do RN
Beatriz Cavalcanti é Coordenadora Geral do DCE/UFRN