Karl Marx
Quando lembramos das lutas e resistências dos povos do sul, vemos uma história baseada em sangue e sonhos. A elite sempre quis, transversalmente, impor suas vontades e interesses e faz o necessário para que aconteça – inclusive passar por cima dos nossos corpos, valores e perspectivas. Não é à toa que realizaram um processo de intensa exploração através da escravização e até hoje continuam impondo suas mazelas. E nesse período de ataques à soberania nacional, se faz necessário muita unidade e resistência para fortalecer a esperança e a garantia de um estado de direito, que consiga restituir a democracia e o direito de viver e de liberdade.
Hoje é ainda mais nítido que estamos vivenciando a continuidade de um golpe burguês conservador – constituídos pelos setores do parlamento, judiciário, midiáticos e empresariado – que não só retirou a ex-Presidenta Dilma, mas que teve como principal objetivo dar continuidade à contrarrevolução neoliberal, refundando o Estado a partir de valores que vão na contramão dos princípios democráticos, não respeitando os direitos humanos e sociais e destruindo perspectivas constituídas na Constituição de 1988. Realizando assim um pacto entre o capital financeiro para contrapor um estado que seja capaz de propor políticas públicas e capturando a democracia e excluindo qualquer possibilidade de expressão popular no estado brasileiro. Percebe-se esse processo através da mercantilização e desvalorização das empresas estatais e dos recursos naturais, no sucateamento e congelamento dos serviços públicos, na precarização e ampliação da exploração da classe trabalhadora, onde continua encarcerando e matando o povo pobre, sendo a negritude o principal alvo.
Quando a elite não consegue nos moldes do Estado burguês implementar seus interesses por vias democráticas, como por exemplo ter a maioria nos processos eleitorais, ela rompe as regras do jogo, como estão realizando no processo de criminalização a Lula, tendo a Rede Globo e parcela da força militar fazendo pressão ao STF para não garantir o direito constitucional de defesa em liberdade.
Qualquer voz que ecoe sem pactuação com os interesses do capital tem sua vida e liberdade em risco, como o que ocorreu com a Marielle Franco e entre outras lideranças que já se foram e as que continuam sendo perseguidas. E isso faz parte de uma de guerra de concepção de mundo, onde quem é criminalizado é a pobreza, no qual não é garantido o acesso aos direitos e utiliza-se a desculpa do uso e consumo de drogas para legitimar a repressão e violência. Não tem como pensarmos o momento atual e não realizarmos a reflexão de que nossas vidas importam e que precisamos disputar a sociedade para que consigamos avançar nas lutas pelo direito de viver e pela liberdade.
Não podemos deixar que 1964 faça parte do nosso presente, onde o fascismo, a intolerância e a violência se proliferam. Enquanto alguns tombam, precisamos incendiar os corações e mentes para continuar a resistir!
“A injustiça num lugar qualquer é uma ameaça à justiça em todo o lugar.”
Martin Luther King
Mario Magno é graduando em Humanidades na UNILAB, da executiva da União Nacional dos Estudantes (UNE) e militante da Kizomba e do Enegrecer