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PMDB: ser ou não ser? Ou como diz a garotada: Fui!

A eleição presidencial de 2006 tende a uma forte polarização política e social. PT e PSDB novamente são os protagonistas fundamentais. Mas e o centro? Onde está o centro?

JOAQUIM SORIANO

Definir o que é centro na política é cada vez mais difícil. Na época da constituinte (1986 -1987) o centro era o PMDB. Era também o governo da Nova República com José Sarney presidente. Na eleição de 1989, Collor de Melo venceu, mas polarizou no início da campanha com Brizola e depois com Lula. O centro aí sumiu! A votação de Ulisses Guimarães pelo PMDB foi de 4,43%. Com o impeachment de Collor, veio o Governo Itamar e seu Ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Apareceu a URV, depois o Real que deu a primeira vitória à coligação PSDB/PFL. Na eleição de 1994 o candidato do PMDB, Orestes Quércia fez 4,38% dos votos. Na reeleição de Fernando Henrique, em 1998, não lançou candidato e em 2002 coligou-se com o PSDB, perdeu junto com José Serra.

Desde Collor de Melo que o PMDB vive esfacelado. É cada vez mais um conglomerado nacional, assentado em interesses regionais. Fazem parte do folclore político as convenções deste partido que são impugnadas na justiça a pedido da parte que foi derrotada.  Agora mesmo, manhã do dia 17 de março, o STJ apóia pleito para cancelamento das prévias marcadas para o dia 19, domingo próximo. Chocam-se geralmente duas alas: governistas e não governistas. Seja o governo do PSDB ou o do PT. Tem uns que são governistas sempre. Outros quase sempre. Outros, já no governo Lula, entram no PMDB para continuarem governistas. É ao seu modo um grande partido. Maior bancada no Senado, a 2ª na Câmara dos Deputados, com 81 cadeiras. Governa oito estados: Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Pernambuco, Espírito Santo, Rio de Janeiro, Amazonas, Tocantins e o Distrito Federal.

Mas este partido não demonstra vontade de disputar o poder. Agora, com o pré-candidato Garotinho, voltou a falar em um programa nacional. Convidaram o notável Professor Carlos Lessa para coordenar a elaboração de um programa nacional desenvolvimentista. Companheiro de outras batalhas, César Benjamin, colabora com o projeto. João Pedro do MST elogia o esforço. Mas, quem mais? Quem no PMDB afiança os propósitos do novo hóspede? O Governador Rigotto, do Rio Grande do Sul, também pré-candidato à presidência?

Por que o PMDB não se coloca o desafio de organizar a disputa para valer? Por que um partido deste tamanho, com ambições de ganhar e preservar tantos governos estaduais abdica de disputar a presidência da república? Talvez porque o seu prazo de validade tenha vencido. Explico. A polarização política e social é dada pelas condições concretas da inserção do Brasil no sistema capitalista internacional.

Romper com o paradigma neoliberal e erguer uma nação democrática, justa e soberana é tarefa da esquerda. A direita, capitaneada por Alckmin, propõe retrocesso, liberalismo puro e duro. O centro novamente se dilacera, sem identidade, afundado em conflitos internos e sem perspectiva.

Joaquim Soriano é Secretário Geral Nacional adjunto do PT e membro da Coordenação Nacional da Democracia Socialista.

 

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