Mandatário questiona investigação sobre financiamento de sua campanha de 2022; ação é iniciativa de dois magistrados ligados a partidos de direita.
Em mensagem publicada nesta terça-feira (08/10) em suas redes sociais, o presidente da Colômbia, Gustavo Petro, denunciou o que considera ser o “início de um golpe de Estado” contra seu governo.
“O golpe de Estado começou”, foi a mensagem escrita pelo mandatário em sua conta na rede social X, e republicada posteriormente em outras plataformas.
A declaração aconteceu minutos depois do anúncio feito pelo Conselho Nacional Eleitoral da Colômbia (CNE) sobre a abertura de um processo para investigar possíveis irregularidades no financiamento da campanha da coalizão governista Pacto Histórico nas eleições presidenciais de 2022 – vencida por Petro, que obteve 50,4% e superou o candidato da extrema direita, Rodolfo Hernández, que ficou com 47,3%.
O processo terá como réus os tesoureiros de campanha da coalizão Pacto Histórico: Ricardo Roa Barragán, María Lucy Soto e Juan Carlos Lemus, que teriam gasto 5,4 bilhões de pesos colombianos (equivalentes a R$ 7 milhões), superando o máximo permitido por lei, de acordo com um parecer incluído nos autos.
Uma possível condenação poderia resultar na invalidação do resultado eleitoral que sustenta o mandato do atual presidente
O partido Pacto Histórico também reagiu ao anúncio do CNE colombiano, questionando o fato de que o processo foi aberto por iniciativa de dois magistrados vinculados a partidos de direita que formam parte da oposição ao governo de Petro.
Efetivamente, a investigação nasceu de um parecer assinado por dois juízes do órgão eleitoral que militam em partidos de direita. Um deles é Benjamín Ortíz Torres, membro do Partido Liberal, legenda de centro-direita que apoiou Federico Gutiérrez, candidato que foi terceiro colocado nas eleições de 2022.
O outro juiz vinculado ao processo é Álvaro Hernán Prada, ex-militar e membro do partido de extrema direita Centro Democrático, dos ex-presidentes Álvaro Uribe (2002-2010) e Iván Duque (2018-2022) – este último antecessor de Petro.
A participação de Álvaro Hernán Prada como juiz eleitoral no processo contra Petro é o principal foco de controvérsia do caso, já que esse mesmo magistrado está sendo investigado pela Suprema Corte de Justiça da Colômbia por manipulação de testemunhas e fraude processual, crimes que ele supostamente teria cometido para beneficiar o ex-presidente Uribe em um caso que o político de extrema direita responde por corrupção.
Prada está envolvido no processo de Uribe desde 2019, mas passou a ter foro privilegiado a partir de 2021, após ser nomeado como membro do CNE pelo ex-presidente Duque. Os três formam parte do mesmo partido de extrema direita, o Centro Democrático.
Via Opera Mundi, com informações de TeleSur.