Há alguma dúvida de que o projeto neoliberal vem sendo derrotado, e com ele, seus símbolos e representantes? Quem tem alguma ilusão contrária é bom refazer suas avaliações, o projeto popular sintetizado nos dois governos Lula, será vitorioso eleitoralmente em 2010. Sem arrogância ou soberba, mas realistamente falando, salvo uma “hecatombe” pouco provável a esta altura, Dilma será eleita a próxima presidenta do Brasil.
Antônio Carlos Souza *
O PSDB caminha célere para uma situação de derrota acachapante, que terá reflexos importantes inclusive nos estados onde os neoliberais ainda possuem relativa força, como São Paulo e Minas Gerais. O DEM – ex-PFL – já está em seu ocaso, não perderei tempo com uma análise mais detalhada da débâcle da “mais direitista” agremiação política do nosso espectro partidário.
No Ceará, a derrota do PSDB e aliados é mais acentuada. Na capital, nunca obtiveram êxito, no interior, vêm perdendo espaço para a base aliada progressista do governo Lula. Óbvio que participam como coadjuvantes do governo Cid, mas não fizeram parte da aliança que o elegeu Cid, bem como a Inácio Arruda (senador do PCdoB cearense), e deu uma votação esmagadora para Lula no Ceará.
As notícias dão conta que Tasso Jereissati e o partido do qual faz parte, o carro-chefe do neoliberalismo brasileiro e líder do bloco anti-Lula, o PSDB, quer agora compor a aliança para a reeleição de Cid Gomes-PSB. Por qual motivo? O que está acontecendo? Muito simples: estão derrotados politicamente, pela conjuntura nacional, pelo avanço da esquerda no âmbito local. A derrota eleitoral é iminente, atentem para o fato de que, principalmente para sua chapa proporcional, reduzirão cadeiras na Assembléia Legislativa, Câmara federal e Senado (neste caso, tarefa difícil, mas não impossível, depende da unidade da base aliada do governo Lula).
É na possibilidade de trazer Cid para o passado em decadência e o colocá-lo contra o novo Brasil que surge, contra o PT e seus aliados e a próxima presidenta do país, que buscam sua tábua de salvação. Não creio que Cid cometerá tamanho equívoco. Na minha modesta opinião, é aí que reside o diferencial em consolidar-se ou passar por turbulências prejudiciais à busca da reeleição; e mesmo de um retrocesso no Ceará que, em vez de “um salto” para além do neoliberalismo que Tasso implementou no Ceará, servindo, inclusive, de modelo para a tragédia que se anunciava no plano nacional em meados dos anos 80. É bom registrar que com muita resistência popular.
Não será o PT que salvará Tasso (não acho didático separá-lo do PSDB) e os que com ele, de sã consciência, sabem da iminente derrota que sofrerão junto com os privatistas e elitistas representantes da alta-burguesia nacional representados na candidatura de Serra.
A pá de cal na composição política em que a direita “se utilizou” de setores ditos “social-democratas” (se não estou enganado, nesse período, Tasso ainda vacilou entre Collor e Covas, às vezes minha memória falha) para se unificar no vácuo de poder com “Nova República” será dada em outubro deste ano.
Muitos pularão do barco, outros “afundarão com ele”. Alguns nadarão por sinceridade e auto-crítica para o barco do povo e de um novo Brasil, democrático, justo e soberano que começa a nascer. Os sem apego ao passado serão bem vindos. Não se faz política, e muito menos a história (pelo menos não deve ser feita), com ódio, vingança e ressentimentos.
O governo Cid e o atual quadro político simbolizam essa disputa entre as forças da base aliada do governo Lula, que, no Ceará, unificadas, anotem, elegerão os dois senadores. Além de Cid, é claro, e uma bancada comprometida com o novo momento que vive o país.
Talvez seja essa “boia” que querem ao mar os neoliberais para sua salvação, a dos interesses de uma bancada que ensaiou abandonar o barco “tucano” (perdeu o time) e o seu elemento unificador, o senador Tasso, já que a ideologia, o modelo, personagens, a descrença e o medo que plantaram já foram derrotados no plano nacional, dando lugar, faz um bom tempo, à esperança.
No Brasil, não voltarão, no Ceará, espero que não. Com a palavra, os agentes políticos nesse processo, mas a decisão final estará com o povo que, em outubro, imporá sua decisão diante das opções que fizermos. Posso está errado, mas só uma dica: tem sido pela esquerda o caminho trilhado nos últimos tempos pelo povo brasileiro.
* Antonio Carlos de Freitas Souza é vice-presidente do PT-Ceará.