A morte colheu neste dia 26 de agosto mais um militante e intelectual histórico e fundamental da construção do socialismo democrático. Reginaldo Corrêa Moraes faria 69 anos neste próximo 11 de outubro. A sua vida, desde quando era estudante de filosofia na USP em 1968 e veio a se integrar no POC-Combate, organização revolucionária na luta contra a ditadura militar, foi toda ela dedicada à luta pelo socialismo.
Quando ele integrou a Democracia Socialista, já no período mesmo de sua fundação, ele trouxe para ela, além de uma sólida formação no marxismo clássico, toda uma práxis das lutas dos novos movimentos operários de São Paulo. A primeira consciência sindical da Democracia Socialista teve em Regis Moraes, editor da seção sindical do jornal EM TEMPO, seu principal formador: sindicalismo de base, de comissões de fábricas, combativo, unitário e visceralmente desconfiado das tradições corporativas do sindicalismo oficial. Veio de Regis Moraes a principal consciência crítica à conciliação de classes na transição conservadora, a partir da crítica do Pacto de Moncloa e seu papel na transição conservadora ocorrida na Espanha.
Nestes últimos quarenta anos, em diferentes lugares, como editor do LEIA LIVROS, como professor da Unicamp e primeiro coordenador da Pós-Graduação em Ciência Política, como intelectual orgânico do PT e da Fundação Perseu Abramo, como autor de livros decisivos e publicista em inúmeros órgãos e revistas,Reginaldo Moraes sempre compôs o núcleo da inteligência coletiva da Democracia Socialista, que foi por todo o tempo sua referência política.
No auge da maturidade e da força de seu pensamento, Reginaldo Moraes era hoje, sem dúvida, um dos principais vetores da atualização da consciência, da crítica e do programa socialista democrático no Brasil. Diretor do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Estudos sobre os Estados Unidos, da Unicamp, Régis vinha pesquisando e publicando sobre o neoliberalismo e os Estados Unidos, a nova direita, as novas condições e as novas formas de luta das classes trabalhadoras no século XXI. Com sua imensa e prodigiosa dedicação e capacidade de trabalho, com um pensamento alheio a todo dogmatismo, investigativo e reflexivo, Régis certamente estava na vanguarda da formação desta inteligência pública.
“É preciso dar um passo além da perplexidade”, era a palavra de ordem que publicou na sua página virtual recentemente. E hoje, nós, nestes tempos de tanto luto e pulsão de morte, ousamos, então, recusar a perplexidade diante da sua súbita morte. É a vida de Régis – a sua inquebrantável dignidade, a sua generosíssima inteligência, as suas esperanças de felicidade – que abraçamos nesta hora mais difícil.
Democracia Socialista