* Beto Bastos
Fora essas seleções, em nosso continente, o resto era saco de pancada, com algumas exceções como o Chile na década de 60, o Peru na década de 70 e o Paraguai, que, a partir da copa de 1998, começou a montar times mais competitivos. Pode-se falar também de um certo crescimento do futebol colombiano no final dos anos noventa. Mas nada além disso. Pior, a “Celeste” uruguaia experimentou um dos piores desmanches da sua estrutura futebolística, resultado direto das crises econômicas e políticas do continente. Manteve-se com um futebol de ponta somente até a copa de 70. E Venezuela e Bolívia? Era jogo pra marcar palpite de goleada. No mínimo 5 x 0. Alguém se lembra de algum grande jogador desses países?
Pois é, essa Copa América da Argentina mostrou uma nova realidade: as mudanças políticas e econômicas na América do Sul estão invadindo os gramados. Não tem mais goleada, vitória de véspera. Todo mundo tá virando gente grande. Até a Venezuela, cuja tradição esportiva é, ou era, o beisebol e basquete.
Resultado das quartas de final: Peru bate a Colômbia; Uruguai, a Argentina; Venezuela, o Chile; e o Paraguai, autêntico, o Brasil. Eu achei perfeito. Quem não faz leva!
Essa é a máxima do futebol, e esteve presente nos quatro jogos das quartas-de-final. Todos os que perderam, sem exceção, jogaram melhor. Perderam inúmeras oportunidades, mas esbarraram nos goleiros, traves e em suas má pontarias. Aos céticos, insisto: a bruxa estava solta na Argentina. No caso, bruxas indígenas.
De qualquer forma, Brasil e Argentina, continuam, de longe, sendo as duas maiores seleções da América do Sul, e o Uruguai começa a querer remontar a antiga trinca. Como joga esse Forlán!
E o Brasil?
Depois da excelente apresentação do último domingo, em função da derrota, os céticos já apareceram. E o esquema tático? O Mano não é técnico pra seleção e o Neymar e Ganso não são isso tudo! Quanta bobagem. A Copa é só daqui a três anos. Querer definição de esquema tático agora, numa seleção que começa a ser montada após um processo de renovação brutal de jogadores, é muita pretensão. O Mano é um dos melhores técnicos disponíveis e a base que está sendo montada é muito boa. Não temos problemas de goleiro; os laterais direitos são os que jogaram; a zaga será Thiago Silva e mais um (torço pro Dedé do Vasco); o meia ofensivo será o Ganso, com uma possível fórmula aproveitando o Lucas; o ataque com dois dentre Neymar, Pato e Nilmar. Nossos problemas estão nos volantes e na lateral-esquerda. Temos tempo de sobra pra revelar novos nomes e montar uma seleção que dispute o título. Lembrem que o Neymar, Ganso e Lucas estarão jogando ano que vem no futebol europeu. Serão dois anos e meio de aprendizado e amadurecimento. Estamos no caminho certo.
Em relação aos pênaltis, não tem jeito: foi alguma bruxa Guarani!
* Beto Bastos é integrante da coordenação estadual da DS-RJ.