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Resumo da ópera

VALTER POMAR

No dia 18 de setembro, o PT deu um tapa na cara da direita brasileira. A esquerda do PT foi eleitoralmente derrotada, mas saiu politicamente vitoriosa do PED.

Primeiro, porque 18 de setembro foi um ato em defesa do PT, desmoralizando quem propunha o adiamento da eleição. Segundo, porque o “Campo” perdeu a maioria absoluta que teve até setembro de 2005. Terceiro, porque a esquerda petista ampliou o seu espaço, no Diretório, na Executiva e principalmente na sociedade. Quarto, porque quase elegemos Raul Pont presidente nacional do PT.

Perdemos eleitoralmente, devido aos vícios estruturais do PED, à inexistência de fundo partidário, à capacidade de mobilização que o “Campo” demonstrou na reta final. Perdemos, também, devido a erros táticos, estratégicos e organizativos da esquerda do PT. Considero que, por causa desses erros, não elegemos o presidente do Partido.

Cito dois erros estratégicos. A decisão de alguns de sair do PT, entre o primeiro e o segundo turno. E a timidez em disputar apoios de setores dissidentes do ex-Campo majoritário, não percebendo que essa era a única maneira de vencer. Quanto aos demais erros, ler O futuro do PT publicado no site da chapa A esperança é vermelha.

O resultado do PED deu combustível para a esquerda socialista que continua apostando na construção do PT. Mas este combustível não dura para sempre. Daí a importância do que faremos, daqui até a eleição de 2006 e o III Congresso, assuntos que desenvolvo no texto Cinco desafios para o PT puplicado no Portal do PT

Cito alguns desses desafios. Primeiro: recuperar nossa capacidade de criticar o capitalismo (e não só neoliberalismo). Polarizar com as idéias neoliberais, com o militarismo norte-americano e com a hegemonia do capital financeiro, a partir de uma alternativa socialista.

Segundo: retomar o debate estratégico. Não apenas sobre a via de acúmulo de forças e de conquista do poder, o que nos remete a discutir qual o papel que a “luta social” e a “disputa eleitoral” ocupam na luta pelo socialismo no atual período histórico. Mas também sobre o caráter de nossa alternativa ao neoliberalismo. Neste particular, considero um brutal equívoco a defesa do “republicanismo”, tal como vem sendo feita por setores do PT. Considero que a situação exige que contraponhamos, ao “liberal petismo”, uma alternativa democrático-popular e socialista.

Terceiro: reconstruir as relações orgânicas, políticas e ideológicas entre o PT e a classe trabalhadora, em suas várias expressões políticas e sociais, especialmente aquelas que romperam ou se afastaram de nós no último período. Reconstrução que deve ser feita “a quente”, ou seja, fazendo o Partido enquanto tal retomar sua presença e seu impulso à luta social.

Quarto: adotar as medidas preventivas e corretivas necessárias para suportar o ambiente contaminado da “política institucional”. Na prática: investigar e punir todos os envolvidos na terceirização das finanças partidárias.

Quinto: compreender e equacionar a relação entre petismo e lulismo, desafio do qual dependerá nosso futuro imediato.

Valter Pomar é Secretário de Relações Internacionais do PT, e disputou o PED pela chapa A Esperança é Vermelha.

 

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