Homenageamos o militante da DS Gustavo Codas, que nos deixou recentemente e precocemente, destacando as contribuições de sua luta e trajetória para as tradições revolucionárias e interlocuções entre a esquerda socialista da América Latina. Apresentamos um texto introdutório e em seguida o último texto escrito por Gustavo sobre a conjuntura numa perspectiva latino-americana, publicado originalnente na coletânea coordenada por Matías Caciabue e Katu Arkonada, Mas allá de los monstruos, entre lo viejo que no termina de morir y lo nuevo que no termina de nacer (UniRío Editora, 2019) e traduzido para o português por seu filho e também militante da DS, Iuri.
Segundo Gustavo, para organizar a luta política devemos retornar aos debates interrompidos no século XX e atualizá-los incorporando as experiências recentes da onda progressista latino-americana, “as chaves devem ser busca- das nas vias de construção de hegemonias políticas e nas transformações da forma de Estado característica do liberalismo, para formar maiorias capazes de defender um projeto transformador das estruturas econômico-sociais e desenvolver instrumentos de democracia direta capazes de representar uma superação dialética das instituições projetadas com uma matriz liberal.”
Juarez Guimarães contribuiu para essa edição relacionando os conceitos de liberdade e direitos humanos a partir de Marx, ao longo da história; justamente numa conjuntura onde os direitos humanos vêm sendo agressivamente ataca- dos, como reflexão e princípio ético, tanto pelo neoliberalismo, quanto pelas linguagens políticas de tradição neofascistas. Segundo o autor, “parece ser fundamental neste contexto uma narrativa socialista democrática do processo histórico de for- mação, sentido e futuro dos direitos humanos. Em uma época na qual as correntes dominantes do liberalismo contemporâneo desertam ou se omitem em uma defesa plena e articulada dos direitos humanos, se as esquerdas não ocuparem este lu- gar, ele ficará vazio ou dramaticamente enfraquecido.”
Em novembro de 2019, será realizado em Cuba o Encontro Anti-imperialista, de Solidariedade, pela Democracia e contra o Neoliberalismo. Tica Moreno, integrante da MMM e da equipe da SOF, entrevistou a cubana Llanisca, integrante do Centro Martin Luther King e do capítulo cubano dos movimentos sociais integrante da Marcha Mundial das Mulheres em Cuba, durante um encontro da Jornada Continental em preparação para o Encontro.
A conversa com a companheira cubana contribuí, entre outras questões relevantes, para refletirmos sobre os desafios do socialismo em Cuba hoje, a partir do que é concreto e do que é simbólico; o socialismo como um processo de construção e disputa permanente; seu componente democrático e de participação popular como desafio e necessidade incontornável; sobre a importância da articulação internacional, para enfrentar o poder e controle das transnacionais e discutir e or- ganizar a solidariedade nesse momento de ofensiva da direita tanto em relações aos governos alvos do imperialismo, quanto contra os povos e movimentos sociais em luta.
Incorporamos aos nossos debates um dos textos sobre o filme Bacurau, de autoria de Ricardo Musse, pesquisador e docente que circula entre os estudos de filosofia e de sociologia. Publicado inicialmente no sítio eletrônico A terra é redonda, aproveitamos para agradecer ao autor e ao portal – que reúne textos de intelectuais, acadêmicos e ativistas-, pela contribuição.
Em cartaz há quase dois meses nos cinemas de todo o país, o longa conta com um público de quase 1.000.000 de espectadores e uma longa lista de conversas e textos críticos produzidos sobre o mesmo. A trama gira em torno da resistência do povoado fictício de Pernambuco que empresta títu- lo ao filme. Transitando por gêneros como faroeste, o suspense e o terror, Bacurau é um filme sobre a situação do Brasil contemporâneo, olhando para o futuro. Para os diretores Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, o longa é sobre gente, sobre viver em sociedade, terror, violência e delicadeza.
Vamos ao debate.