A Revista Democracia Socialista chega à sua nona edição. Em meio à atual crise política, aprofundada pela crise sanitária gerada pelo novo coronavírus, soma-se o governo antidemocrático, autoritário, entreguista e ultraneoliberal de Jair Bolsonaro. Este volume está dedicado à análise deste cenário e da construção de alternativas e saídas.
Para iniciá-lo, em seu artigo Crise e alternativa de esquerda, Carlos Henrique Árabe lança as bases para compreendermos a crise que a esquerda atravessa. O autor faz uma elaboração sobre a necessidade de radicalização da democracia
para rompermos a crise e o desafio da construção de uma frente democrática e popular.
No cenário das eleições 2020, Raul Pont, em O desafio de um programa transformador aponta os caminhos para um programa petista transformador que seja capaz de sinalizar a esperança e a reconstrução de força política no país. Para o autor, o programa eleitoral do Partido dos Trabalhadores nestas eleições deve orientar uma estratégia comum na concepção de radicalização democrática popular, com partidos de esquerda aliados e movimentos sociais, através da participação popular direta e organizada na busca de nova governabilidade e legitimidade baseadas na democracia participativa.
Adentrando os impactos da pandemia no Brasil, o artigo de Ronaldo Teodoro e Juarez Guimarães analisa a importância de defender o SUS e pautar o “Fora Bolsonaro” como estratégia para controlar a crise sanitária. Para eles, apenas uma autoridade sanitária democrática é capaz de controlar a pandemia e romper a marcha genocida que já nos fez perder mais de 100 mil vidas.
Em Como chegamos à dupla crise econômica e como sair dela, Arno Augustin pontua as principais características da atual crise e traça perspectivas para superá-la. O ex-secretário do Tesouro Nacional defende que o estrondoso fracasso das políticas neoliberais nos últimos anos, somado à crise sanitária, exige uma reação da sociedade que leve o Brasil novamente a um caminho de desenvolvimento e soberania nacional.
Ainda no cenário dos desafios e impactos da crise sanitária, o artigo de Marilane Teixeira se debruça na análise da economia internacional neste momento. A economista salienta que as respostas para a saída da crise devem emergir da resistência e lutas da classe trabalhadora e das organizações populares tendo em sua centralidade a preservação da vida, do trabalho e da renda.
Já o texto de Margarida Salomão trata sobre os principais impactos da pandemia na educação brasileira. A autora demonstra que não existe uma solução mágica para o tema e que é preciso analisar minuciosamente os desafios impostos pela crise sanitária aos gestores, profissionais da educação, estudantes e familiares. A autora também indica caminhos de ação, salientando a importância de uma educação emancipatória e transformadora.
Na sessão Internacionalismo, Daniel Urrea e Tica Moreno analisam os ataques sistemáticos à soberania na América Latina. A partir da caracterização das ofensivas neoliberais para o desmantelamento das democracias na região, os autores debruçam-se sobre a situação da Colômbia e apontam pistas para a derrubada imperialista e uma construção internacionalista e soberana dos povos.
Em Notas de Leitura publicamos duas importantes resenhas para compreendermos nosso tempo a partir de uma perspectiva marxista. Em Mercado e moral contra a democracia: como o neoliberalismo contribuiu para o abismo atual?, Clarisse Goulart Paradis apresenta a obra Nas Ruínas do Neoliberalismo: a ascensão da política antidemocrática no Ocidente, da cientista política estadunidense Wendy Brown.
Em Marx no centro, Juarez Guimarães apresenta o esforço internacional de estabelecer um novo paradigma clássico para a leitura de Marx. A obra Marx nas margens: nacionalismo, etnicidade e sociedade não ocidentais, de Kevin Anderson, apresenta, a partir da leitura de textos inéditos ou pouco referenciados, um Marx movido por uma visão de totalidade mundial das principais problemáticas da contemporaneidade.
Ainda nesta edição, homenageamos o saudoso Aldir Blanc, um dos maiores compositores da música brasileira, vítima fatal da Covid-19. Aldir nos deixou em 4 de maio, aos 73 anos de idade. Entre suas grandes composições está “O bêbado e a equilibrista”, consagrada na voz de Elis Regina como um dos hinos da luta popular no fim do regime militar. No artigo, o amigo Beto Bastos retoma a trajetória artística e o engajamento político desse músico e poeta genial.
Por último, o poema Revolução da portuguesa socialista Sophia de Mello Breyner Andresen dá o tom sobre a importância de manter em perspectiva o que pode nascer das crises, “como em página em branco/ onde o poema emerge”.
Boa leitura!
Os editores
Comente com o Facebook