Emergiu o mar

Emergiu o mar que sonhei. Um mar espantadoque lava com seu salo asfalto deserto das nossas aflições. Desatou este setembro,uma primavera pública,irreprimível,nutrida por canções antigas, ​​​​​talvez eternas,grávidas de memória,grávidas de futuro. Uma primavera que nos bombardeiacom a explosãodos ipês, acácias, sapucaiase os olhos iluminados dos delirantesque fomos, um dia… Canções compostas num tempo sombrio – […]

Pobre Bozo! Pobre Bozo!

Com ajuda do Pobre Alphonsus. Sente-se no ar a flutuarUm cheiro de algo a fritar,Pois de uma torre nas alturasOuvem-se badaladas puras.Geme o sino em seu carpir:Pobre Jair! Pobre Jair! Este chora e grita sem parar:Não pode mais se candidatar!Ao longe se perdem seus ais!E ele se lamenta mais e mais!E vai o sino em […]

TEMPONOITE

(Hoje, nesse último dia de março, lhes ofereço uma leitura para homenagear duas mulheres. Dagmar e Mazé. Minhas irmãs. 61 anos depois do golpe as mulheres do Brasil que conhecem os subterrâneos da dor, da prisão, do exílio e do silêncio quotidiano da resistência, cuidando dos velhos que sequer alcançavam o sentido ou o sem […]

Poemas sobre as cinzas do mundo e da alma

Olhem para os céus! / Não são nuvens, / são fuligem. Quando a chuva vier, / Não será chuva, /serão lágrimas. Lágrimas de um planeta / esfolado vivo. // Mas ainda há tempo / (será que há?) tempo nubladode cinzastempo nubladode ganânciae ignorânciatempo secorudecegotempo turvoa queimarfuturo * * * Coragem!Sejamos camaradas por um outro mundo,Esse […]

Poemas do Enforcado | Pedro Tierra

Um registro necessário do assassinato de Wladimir Herzog. Estes poemas foram escritos nos últimos dias de outubro de 1975, no Presídio do Barro Branco, na Zona Norte de S. Paulo. O poeta passara, em 1973, pela cela onde foi fotografado o corpo do jornalista Vladimir Herzog, nas dependências do DOI-CODI do II Exército, no Bairro […]