Jornal DS – 18. Concluído o primeiro passo da unificação.
No último dia 25 de março, a DS e um conjunto expressivo e representativo de Coletivos Socialistas do PT deram mais um passo para a unificação em uma mesma corrente nacional. Foi constituída uma coordenação comum, com a integração de representantes do Movimento Socialista (SC), da Alternativa Socialista (MG) e da Construção: Socialismo e Democracia (DF) na Coordenação Nacional da DS. Também participam da nova coordenação o companheiro Paul Singer, de São Paulo, e o companheiro Chico de Oliveira, de Juiz de Fora.
O processo de construção de uma corrente nacional unificada é mais que uma intervenção conjunta no próximo Encontro Nacional do PT. O esforço de constituir uma mesma corrente petista responde a desafios permanentes da reconstrução partidária petista, com caráter socialista.
Um outro fator comparece nesse processo. É a necessidade de superar o âmbito regional de atuação ou mesmo a esfera de organização a partir de mandatos parlamentares, que responderam, durante um período de resistência, a muitos desafios. Permitiu a construção de coletivos socialistas permanentes e influentes; insuficientes, no entanto, para um período com novas características.
Desde o ponto de vista da DS, coloca-se uma perspectiva de mudança de padrão de organização e de intervenção depois da experiência das recentes eleições internas, que colocaram como possibilidade concreta a reconstrução socialista do PT. Essa passagem não se dá apenas pelo crescimento direto da tendência. Esse crescimento é imprescindível, mas ele pode ser melhor direcionado se combinado com a idéia da unificação com agrupamentos com os quais temos forte identidade socialista e partidária, gerando uma corrente com mais capacidade de elaboração e de intervenção.
Grandes tarefas
Se os fatores internos ao PT são determinantes para propor uma corrente unificada, não podemos separar a questão brasileira do crescimento de processos de embate com o neoliberalismo e, de modo articulado, com a subordinação ao imperialismo, que transcorre na América Latina. Nosso país, com o governo Lula, participa dessa dinâmica, contribui com ela, mas ainda o faz de modo aquém das possibilidades.
Esses limites, que podem ser superados, não se dão somente na dimensão internacionalista. Nesse aspecto, a cooperação ainda vem se dando nos marcos de alianças para a defesa comum com outros países de interesses nacionais frente ao quadro internacional. E é ainda muito marcada pelo caráter comercial. Uma cooperação internacionalista deve ir além e, sobretudo, não pode reproduzir, em escala regional, sub-dominações.
No plano interno brasileiro, observamos a grande carência de participação popular. Uma grande lição do Fórum Social Mundial de Caracas é de que não há superação da herança neoliberal sem avançar na democracia participativa. Isso guarda muita relação com o processo social na nossa vizinhança, onde essa participação vem se dando de modo muito mais intenso. A superação, necessária e possível, desse duplo limite é um motivo forte para a corrente unificada que DS e Coletivos Socialistas estão construindo.
O processo de unificação deve culminar em uma conferência nacional prevista para o primeiro semestre de 2007, antes do Congresso do PT. Até lá, atravessaremos uma intensa conjuntura de luta política, na qual buscaremos a vitória das forças populares, com a reeleição do companheiro Lula, e a abertura de um novo período de mudanças no Brasil e na América Latina.