Nesse último fim de semana presenciamos uma das maiores vergonhas já vistas no país. Os professores da cidade do Rio de Janeiro foram expulsos da sua casa legislativa. A Polícia Militar retirou à força, no fim da noite deste sábado (28), os professores que ocupavam a Câmara do Rio desde a última quinta-feira (26).
Os professores das redes estadual e municipal de ensino público do Rio de Janeiro estão paralisados reivindicando melhores condições de trabalho, além de outros pontos como, por exemplo, o fim da meritocracia e mais transparência nas escolas. Exigiam também o cancelamento da votação de um plano de cargos e salários da categoria.
O vereador Reimont, presidente da Comissão Permanente de Educação e Cultura da Câmara Municipal, também vê a proposta com reservas. O parlamentar não foi convidado para participar das reuniões de elaboração do Plano de Cargos. “O prefeito reuniu um grupo de vereadores no Palácio da Cidade para discutir o PCCS da Educação. Eu, presidente da Comissão de Educação da Câmara, não fui convidado. Por que será? Também não fui chamado à mesa para a construção do Plano. Por que será? O desejo de todos nós era ter um PCCS, mas, não queremos qualquer um. Queremos um PCCS que dê conta de nossas demandas e que atenda à categoria de verdade, para que a Educação avance. Sinceramente, não acredito que isso virá. Então, devemos estudá-lo e também temos que nos debruçar sobre ele para fazer as emendas necessárias a nossos pleitos”, declarou o Vereador em seu site.
Os policiais no sábado usaram bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta para expulsar os professores da câmara. Houve confronto e as autoridades policiais estão dizendo que não… Questiono-me sobre o que passa na cabeça de um policial em um momento desses, como pode ir ao extremo da violência e acatar ordens como estas? Como pode um policial ser contra aquela classe que o educou?
Para a Professora Ariana Beltrão esta ação foi “totalmente autoritária e covarde. Eles entraram na câmara empurrando os professores, os professores gritavam: sem violência, mas eles pareciam uns tratores, não respeitaram as senhoras e os senhores de idade que estavam ali. Teve um professor cardíaco q levou choque e ficou desacordado. Ainda prenderam dois colegas professores por desobediência. Acredita?”
Em nota do sindicato, a categoria repudia as circunstâncias da desocupação e acusa a PM de usar de “extrema violência” contra os manifestantes, incluindo o uso de cassetetes e armas de choque.
Outro parlamentar que está ao lado dos professores é o deputado Estadual Robson Leite. Para ele “Impressiona negativamente a total ausência de diálogo por parte do Governo do Estado para tentar solucionar o impasse e construir uma proposta que atenda as justas reivindicações e viabilize o término da greve. É inacreditável a situação que a gente se encontra, porque nesse exato momento a educação no Rio de Janeiro vive uma crise. Crise cuja responsabilidade é do Governo do Estado e da Secretaria de Educação”, acrescentou o Deputado Robson Leite em seu site.
* Walmyr Júnior é graduado em História pela PUC-RJ e representou a sociedade civil em encontro com o Papa Francisco no Theatro Municipal, durante a JMJ.