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Torturas, sequestros e assassinatos permanecem

Lúcio Costa *

Manuel de Jesus Murillo e seu companheiro Ricardo Vázquez tinham marcas das torturas a que foram submetidos; possuíam marcas nos pulsos devidos às várias horas que permaneceram amarrados, bem como de golpes em suas costas. Ao descrever as torturas sofridas Murillo relata que “colocaram sacos plásticos na cabeça até que quase nos sufocamos”.

“Colocaram um facão no meu pescoço e disseram que se não lhes dissesse onde estavam as armas me degolariam”, disse anteontem Manuel de Jesus Murillo, no escritório do Comitê de Familiares de Presos e Desaparecidos de Honduras (COFADEH). “Respondi que a única arma que temos é filmadora”, completou.

Anteriormente à sua prisão, Murillo teve sua residência invadida pela polícia. No dia 28 de novembro último, dia das eleições presidenciais, a polícia hondurenha, sem dar quaisquer explicações, invadiu a pequena casa do cinegrafista e roubou as gravações que ele havia realizado no período em que acompanhou o presidente Manuel Zelaya em sua campanha pelo referendum constitucional.

Ao mesmo tempo em que os cinegrafistas eram soltos, nos arredores de Tegucigalpa, um grupo de moradores encontrou o cadáver de Vanessa Cepeda, militante da resistência democrática. Vanessa, enfermeira, trabalhava na Seguridade Social de Honduras, tinha 28 anos, três filhos pequenos e um bebê de quatro meses. Ela estava desaparecida desde 15h da segunda-feira, 1º de fevereiro.

“Ainda não sabemos como a sequestraram, estamos conversando com seus familiares e amigos. As únicas coisas que sabemos com certeza é que seus chefes a perseguiam devido à sua condição de militante da resistência democrática e que seu cadáver foi encontrado com uma grande contusão no rosto”, explicou Bertha Oliva, dirigente da COFADEH. Segundo ela, “nada mudou com a passagem da faixa presidencial para Porfirio em 27 de janeiro último, pois prosseguem a repressão, as prisões ilegais, as torturas e os assassinatos”.

“Vivemos em um país em que não há Justiça”, não se cansa de repetir Bertha, uma veterana militante pelos direitos humanos. Por isso, segundo ela, tem aumentado o exílio das vítimas de sequestros, detenções arbitrárias e ameaças. Esse foi o caminho trilhado por Murillo e Vásquez, que, após realizarem a denúncia pública de sua prisão e tortura, exilaram-se na Nicarágua. Em Manágua,os cinegrafistas reuniram-se com o jornalista exilado César Silva, que, no último dia de ano novo, foi seqüestrado e torturado durante toda uma noite pelas forças policiais hondurenhas.

O cenário de Honduras é tristemente clássico na história do Continente: golpe militar e farsa eleitoral; perseguição, tortura e assassinato de homens e mulheres que lutam pela democracia. E como sempre, tudo isso feito sob as ordens do império e a serviço das oligarquias!

Além da solidariedade que todos e todas devemos à resistência democrática hondurenha, há que ter em mente o alerta que o paraguaio Marcos Ybañez, dirigente do Partido Popular Tekojoja, fez em Porto Alegre durante as atividades de comemoração dos dez anos do Fórum Social Mundial. Segundo Ybañez, a direita paraguaia tomou golpe de Honduras como um exemplo a seguir para pôr fim as mudanças que o governo do Presidente Lugo tem realizado.

“Eles planejam um golpe contra o povo paraguaio. Necessitamos da solidariedade do povo brasileiro desde agora para impedi-los, derrotá-los e seguir construindo um Paraguai democrático e justo”, disse o dirigente popular guarani.  Estejamos alertas e solidários!

* Lúcio Costa é membro da executiva estadual do PT-RS.

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