Depois de um ato com ex-presidentes da União Nacional dos Estudantes (UNE), cerca de cinco mil pessoas marcharam nesta quinta-feira (2) na Culturata rumo ao terreno na Praia do Flamengo que pertencia ás entidades estudantis até o Golpe de 64. Com muita irreverência, música e emoção os manifestantes derrubaram o portão do estacionamento irregular, que até então funcionava no terreno, e tomaram de volta o que a ditadura lhes tirou.
A Culturata, que saiu dos Arcos da Lapa na cidade do Rio de Janeiro por volta das 16 horas, teve na sua linha de frente ex-presidentes da UNE como Aldo Arantes, Ricardo Capelli, Wadson Ribeiro e Felipe Maia. Entre os ex-presidentes da velha guarda estavam José Frejat, Genival Barbosa e Irum Santana, que presenciou a Fundação da UNE em 1.937. O autor da chamada “bíblia do movimento estudantil” – O Poder Jovem – Arthur Poerner também se somou á primeira fileira.
Artistas participantes da 5º Bienal de Arte, Ciência e Cultura da UNE, evento do qual a manifestação fez parte, apresentaram uma esquete ao longo da caminhada lembrando os principais fatos que marcaram a história da entidade. Em frente ao Hotel Glória um grupo de manifestantes vestidos de preto deitou no asfalto com bandeiras da UNE, simbolizando o assassinato ocorrido no dia 28 de março de 1.968, no então Restaurante Calabouço, do jovem secundarista Edson Luís.
Com um clima tenso e entusiasmado os estudantes, assim que chegaram ao estacionamento, forçaram o único portão de acesso até que o mesmo tombasse no chão. Dentro do Estacionamento se encontrava apenas dois funcionários que não apresentaram resistência à manifestação. Em poucos minutos centenas de jovens ocupavam o terreno prometendo sair somente depois que a Justiça lhes desse definitivamente a posse do mesmo.
Segundo o Presidente da UNE, Gustavo Petta, “esta não é uma ocupação momentânea; a sede política da UNE a partir de agora funciona aqui [no terreno] e todos os dias teremos conosco artistas e personalidades que apóiam a nossa campanha ‘UNE de volta pra casa”. A UNE entrou com uma liminar na Justiça nesta sexta (1) para apressar a tomada de posse do local. Cerca de cem estudantes deverão ficar permanentemente acampados no terreno.
A atriz Vera Holtz ouviu pelo rádio a notícia da ocupação e veio ao ato manifestar sua solidariedade e apoio, “eu ensaiava no CPC da UNE com amigas no dia que a ditadura incendiou a nossa casa e não poderia faltar no dia que a tomamos de volta”, declarou. Além da atriz está programado para os próximos dias a presença de Lenini e Popó.
Do Portal Vermelho (www.vermelho.org.br)