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13 motivos contra a aliança PT-Kassab em São Paulo

13 motivos contra a aliança PT-Kassab em São PauloGabriel Medina
A crise do liberal-conservadorismo: PSDB-DEM
Com o enfraquecimento do receituário liberal os setores conservadores da sociedade brasileira têm passado por uma crise de projeto, de liderança e de organização que tem contribuído para a fragmentação do bloco neoliberal.
A expressão política dessa falta de norte encontra-se na crise de identidade e estratégia vivida pelo PSDB; no encolhimento eleitoral de partidos como DEM e PPS; e culmina na criação do PSD de Gilberto Kassab, uma agremiação política que sem ser “de esquerda, de direita, nem de centro” absorveu toda sorte de insatisfações e oportunismos daqueles que, percebendo o naufrágio do navio neoliberal, buscaram um lugar para se ancorar.
Gilberto Kassab iniciou a carreira política ao lado de Guilherme Afif Domingos, no grupo de jovens empreendedores da Associação Comercial de São Paulo, foi Secretário de Planejamento na mal-fadada gestão de Celso Pitta e conquistou um mandato de vereador pelo antigo Partido Liberal.
Ainda que o partido de Kassab tenha uma identidade nebulosa, sua biografia é a de um inegável liberal-conservador. Aliás, foram esses traços que levaram José Serra a convidar Gilberto Kassab para ser seu vice-prefeito em 2004. Derrotado por Lula em 2002 e já mirando as eleições de 2006, Serra desejava rearticular o bloco PSDB-PFL/DEM que havia garantido duas vitórias a FHC. Era o momento de descartar a velha imagem de centro-esquerdista e de desenvolvimentista estatizante sinalizando que não tinha problemas de fazer alianças e coligações com a direita, daí ter se disposto a oferecer a prefeitura de São Paulo ao DEM de Gilberto Kassab. O atual prefeito de São Paulo ganhou uma gestão que jamais conquistaria sozinho.
A tentativa de ressurreição do liberal-conservadorismo: PSD
Desde que assumiu a prefeitura de São Paulo Gilberto Kassab ganhou reconhecimento não por sua atuação como administrador público, mas por sua capacidade de se mover em nome dos interesses que tem assombrado a cidade de São Paulo nos últimos anos: o liberalismo econômico, o conservadorismo político e o moralismo dos costumes.
Depois da saída do DEM, de flertes com o PMDB, de indicações de associação com o PSB e da criação do PSD, a última traquinagem de Gilberto Kassab consiste numa tentativa de aproximação com o PT para a disputa das eleições de 2012 em São Paulo.  Mas a quem interessa essa aliança?
Para Kassab o flerte com o PT na cidade de São Paulo traz, pelo menos, dois ganhos imediatos: no tabuleiro local, essa movimentação incita o PSDB a cortejar o prefeito na disputa pelo seu apoio; no tabuleiro nacional, essa movimentação facilita uma aproximação amistosa com o governo federal. Nesse beija-mão, o que ganha o PT?
Contra o continuísmo kassabista
1. Programaticamente Gilberto Kassab não tem nada a oferecer ao PT: sua gestão não deixará nenhuma política pública significativa;
2. Seu partido é um invertebrado ideológico, sem projeto e sem programa.
3. Sua figura, aliás, é a tentativa mórbida de atualização das piores e mais tradicionais práticas da cultura política nacional.
4. Pragmaticamente Gilberto Kassab tem muito a prejudicar o PT: seu partido não fornece tempo relevante de TV para os aliados;
5. Sua administração é mal avaliada por parte significativa da população, de modo que seu apoio pode não angariar votos;
6. sua atuação negligenciou a periferia da cidade e afrontou importantes movimentos sociais organizados, de modo que seu apoio irá retirar votos de segmentos que tradicionalmente apoiam o PT. Sendo assim, uma aliança com Kassab diminui a capacidade de o PT mobilizar parte importante de sua base social, como os movimentos de moradia e saúde.
7. Para a população de São Paulo o PT deve capitanear o discurso de oposição e mudança, constituindo um projeto alternativo para a cidade. Uma aliança com Kassab exigiria um discurso mais constrangido e moderado, o que esgotaria uma possível legitimidade moral do PT diante do eleitorado de classe média e do eleitorado insatisfeito com o atual estado de coisas.
8. No limite escoaria pelo ralo a estratégia petista de dialogar com os setores médios e progressistas da cidade que nos últimos anos se afastaram do PT ou passaram a nutrir algum tipo de resistência às ações do partido.
9. A idéia de renovação e transformação mobilizada pela candidatura de Fernando Haddad seria esgotada se o PT optasse por carregar consigo o entulho kassabista.
10. No que se refere à dimensão eleitoral, para alguns setores do PT a aliança com Kassab teria um efeito colateral importante: garantir o isolamento de José Serra. Esse resultado é no mínimo desnecessário, posto que Serra sofre um processo de desgaste dentro do seu próprio partido, protagonizado em âmbito nacional por Aécio Neves e em âmbito estadual por Geraldo Alckmin.
11. No que se refere à dimensão política, Kassab tem conduzido uma gestão que privilegia os interesses do grande capital urbano e dos setores mais conservadores. Ao estimular a especulação imobiliária a prefeitura tem protagonizado a higienização social, a criminalização da pobreza e a militarização das subprefeituras na cidade, num projeto que em tudo diverge das bandeiras progressistas, de esquerda e petista.
12. Há quem diga que o apoio do atual prefeito traria consigo sua base de vereadores, o que poderia facilitar a governabilidade de uma futura gestão petista. Essa promessa é, no mínimo, duvidosa já que uma base oportunista e interesseira como a de Gilberto Kassab apoiaria qualquer prefeito vitorioso.
13. O mesmo argumento tem sido aplicado em plano federal, há quem diga que a aliança com Gilberto Kassab poderia garantir o apoio do PSD em nível federal. Ora, uma base legislativa sem identidade ideológica e sem programa político está sempre disponível a qualquer governo.
A favor de uma alternativa petista
A conquista eleitoral em uma cidade como São Paulo exige mais do que cálculos políticos imediatistas, o que está em jogo é a disputa por um projeto alternativo de cidade, o que exige um fôlego renovado, uma oxigenação constante e a recusa contra qualquer amarra continuísta.
No atual momento, é fundamental que o PT paulistano recupere sua identidade política e ideológica, a fim de reencantar a militância petista para a campanha e a fim de reencontrar os eleitores e apoiadores progressistas da cidade.

Por Gabriel Medina * 

A crise do liberal-conservadorismo: PSDB-DEM

Com o enfraquecimento do receituário liberal os setores conservadores da sociedade brasileira têm passado por uma crise de projeto, de liderança e de organização que tem contribuído para a fragmentação do bloco neoliberal.

A expressão política dessa falta de norte encontra-se na crise de identidade e estratégia vivida pelo PSDB; no encolhimento eleitoral de partidos como DEM e PPS; e culmina na criação do PSD de Gilberto Kassab, uma agremiação política que sem ser “de esquerda, de direita, nem de centro” absorveu toda sorte de insatisfações e oportunismos daqueles que, percebendo o naufrágio do navio neoliberal, buscaram um lugar para se ancorar.

Gilberto Kassab iniciou a carreira política ao lado de Guilherme Afif Domingos, no grupo de jovens empreendedores da Associação Comercial de São Paulo, foi Secretário de Planejamento na mal-fadada gestão de Celso Pitta e conquistou um mandato de vereador pelo antigo Partido Liberal.

Ainda que o partido de Kassab tenha uma identidade nebulosa, sua biografia é a de um inegável liberal-conservador. Aliás, foram esses traços que levaram José Serra a convidar Gilberto Kassab para ser seu vice-prefeito em 2004. Derrotado por Lula em 2002 e já mirando as eleições de 2006, Serra desejava rearticular o bloco PSDB-PFL/DEM que havia garantido duas vitórias a FHC. Era o momento de descartar a velha imagem de centro-esquerdista e de desenvolvimentista estatizante sinalizando que não tinha problemas de fazer alianças e coligações com a direita, daí ter se disposto a oferecer a prefeitura de São Paulo ao DEM de Gilberto Kassab. O atual prefeito de São Paulo ganhou uma gestão que jamais conquistaria sozinho.

A tentativa de ressurreição do liberal-conservadorismo: PSD

Desde que assumiu a prefeitura de São Paulo Gilberto Kassab ganhou reconhecimento não por sua atuação como administrador público, mas por sua capacidade de se mover em nome dos interesses que tem assombrado a cidade de São Paulo nos últimos anos: o liberalismo econômico, o conservadorismo político e o moralismo dos costumes.

Depois da saída do DEM, de flertes com o PMDB, de indicações de associação com o PSB e da criação do PSD, a última traquinagem de Gilberto Kassab consiste numa tentativa de aproximação com o PT para a disputa das eleições de 2012 em São Paulo. Mas a quem interessa essa aliança?

Para Kassab o flerte com o PT na cidade de São Paulo traz, pelo menos, dois ganhos imediatos: no tabuleiro local, essa movimentação incita o PSDB a cortejar o prefeito na disputa pelo seu apoio; no tabuleiro nacional, essa movimentação facilita uma aproximação amistosa com o governo federal. Nesse beija-mão, o que ganha o PT?

Contra o continuísmo kassabista

1. Programaticamente Gilberto Kassab não tem nada a oferecer ao PT: sua gestão não deixará nenhuma política pública significativa;

2. Seu partido é um invertebrado ideológico, sem projeto e sem programa.

3. Sua figura, aliás, é a tentativa mórbida de atualização das piores e mais tradicionais práticas da cultura política nacional.

4. Pragmaticamente Gilberto Kassab tem muito a prejudicar o PT: seu partido não fornece tempo relevante de TV para os aliados;

5. Sua administração é mal avaliada por parte significativa da população, de modo que seu apoio pode não angariar votos;

6. Sua atuação negligenciou a periferia da cidade e afrontou importantes movimentos sociais organizados, de modo que seu apoio irá retirar votos de segmentos que tradicionalmente apoiam o PT. Sendo assim, uma aliança com Kassab diminui a capacidade de o PT mobilizar parte importante de sua base social, como os movimentos de moradia e saúde.

7. Para a população de São Paulo o PT deve capitanear o discurso de oposição e mudança, constituindo um projeto alternativo para a cidade. Uma aliança com Kassab exigiria um discurso mais constrangido e moderado, o que esgotaria uma possível legitimidade moral do PT diante do eleitorado de classe média e do eleitorado insatisfeito com o atual estado de coisas.

8. No limite escoaria pelo ralo a estratégia petista de dialogar com os setores médios e progressistas da cidade que nos últimos anos se afastaram do PT ou passaram a nutrir algum tipo de resistência às ações do partido.

9. A idéia de renovação e transformação mobilizada pela candidatura de Fernando Haddad seria esgotada se o PT optasse por carregar consigo o entulho kassabista.

10. No que se refere à dimensão eleitoral, para alguns setores do PT a aliança com Kassab teria um efeito colateral importante: garantir o isolamento de José Serra. Esse resultado é no mínimo desnecessário, posto que Serra sofre um processo de desgaste dentro do seu próprio partido, protagonizado em âmbito nacional por Aécio Neves e em âmbito estadual por Geraldo Alckmin.

11. No que se refere à dimensão política, Kassab tem conduzido uma gestão que privilegia os interesses do grande capital urbano e dos setores mais conservadores. Ao estimular a especulação imobiliária a prefeitura tem protagonizado a higienização social, a criminalização da pobreza e a militarização das subprefeituras na cidade, num projeto que em tudo diverge das bandeiras progressistas, de esquerda e petista.

12. Há quem diga que o apoio do atual prefeito traria consigo sua base de vereadores, o que poderia facilitar a governabilidade de uma futura gestão petista. Essa promessa é, no mínimo, duvidosa já que uma base oportunista e interesseira como a de Gilberto Kassab apoiaria qualquer prefeito vitorioso.

13. O mesmo argumento tem sido aplicado em plano federal, há quem diga que a aliança com Gilberto Kassab poderia garantir o apoio do PSD em nível federal. Ora, uma base legislativa sem identidade ideológica e sem programa político está sempre disponível a qualquer governo.

A favor de uma alternativa petista

A conquista eleitoral em uma cidade como São Paulo exige mais do que cálculos políticos imediatistas, o que está em jogo é a disputa por um projeto alternativo de cidade, o que exige um fôlego renovado, uma oxigenação constante e a recusa contra qualquer amarra continuísta.

No atual momento, é fundamental que o PT paulistano recupere sua identidade política e ideológica, a fim de reencantar a militância petista para a campanha e a fim de reencontrar os eleitores e apoiadores progressistas da cidade.

* Gabriel Medina é Psicólogo, presidente do Conjuve e membro da Coordenação Nacional da DS.

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