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20 de Novembro, resistência e combate ao racismo!

137167Texto da Diretoria de Combate ao Racismo da UNE, escrito por Cristian Ribas *

Comemoramos o dia 20 de novembro, Dia Nacional da Consciência da Negra do Brasil, a história de resistência do povo negro, homenageando a luta de Zumbi, grande líder do Quilombo dos Palmares. Avaliamos os avanços, as conquistados e os grandes desafios ainda a serem superados, reafirmando o compromisso com o combate ao racismo e as opressões historicamente vivenciadas.

O ano de 2011 foi definido pelo Comissariado das Nações Unidas como o Ano Internacional dedicado às populações afrodescendentes. Marcado pelo Encontro Ibero-americano do Ano Internacional dos Afrodescendentes, no mês de novembro chefes de estados e representantes de países da América Latina, Caribe e África reuniram-se em Salvador, instituída como Capital Afrodescendente da Ibero-América. O Encontro afirma a busca pelo fortalecimento e ampliação de politicas publicas para ações de reparação aos afrodescendentes na América Latina e o Caribe.

A promoção da igualdade racial no Brasil é o único caminho para a garantia dos direitos fundamentais e eqüidade social. A dimensão da discriminação étnico-racial, responsável pelo afastamento de negros e negras às oportunidades de desenvolvimento humano, compreendendo a combate ao racismo como um postura politica de enfrentamento a discriminação e busca de um reposicionamento da população negra na hierarquia social.

A União Nacional dos Estudantes, o Movimento Kizomba e o Coletivo Nacional Enegrecer, enfatizam o papel central da educação no processo de desenvolvimento social, pautando o fortalecimento da universidade como espaço social de transformação. Lutamos por uma educação anti-racista, que compreenda a pluralidade cultura e por isso defende as politicas de Ações Afirmativas como ferramenta de garantir a igualdade de oportunidade e efetivação de direitos. Defendemos a mudança de estruturas sociais, politicas/econômicas e educacionais, que ainda refletem um processo histórico de escravidão, exploração e exclusão da população negra.

Avançamos muito nos últimos anos no campo da educação, em virtude das politicas educacionais que vêm democratizando e ampliando o acesso ao ensino superior, e principalmente pela expansão das ações afirmativas de entrada à universidade. Nunca tivemos tantos negros e negras no ensino superior. Uma mudança de perfil da universidade que se apresenta no decorrer da ultima década quer cobrar ainda mais a ampliação e melhoria das politicas de permanência e pós-permanência, ainda bastante insuficientes.

O processo de descolonização do conhecimento, a produção de uma cultura emancipatória, uma educação conectada ao processo social anti- racista, são redefinições de um projeto politico que compreende a todos. Precisamos avançar em grades curriculares dos cursos integradas ao resgate da contribuição do povo negro nas áreas social, econômica e política pertinentes à história do Brasil, viabilizando a aplicação da Lei 10.639 que estabelece a obrigatoriedade do ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileiro no ensino fundamental e médio.

A liberdade conquistada após a abolição da escravidão é profundamente relativa. O povo negro ainda convive com a violência e discriminação material e cultural, sofrendo permanentemente com a intolerância contra comunidades religiosas africanas e o referencial eurocêntrico racista que negativiza a negritude.

O fenômeno social que, se caracterizado pela violência e o extermínio da juventude negra cresce, na contra mão dos avanços conquistados pela juventude negra. Crimes que roubam da juventude a dignidade e o direito à vida, interrompendo caminhos que progressivamente são buscados. Hoje as mortes de jovens negros é proporcionalmente mais que o dobro a de jovens não-negros.

As marcas de resistência há um projeto de desenvolvimento estruturado no racismo, significa nossa africanidade, nos conscientiza e organiza nossa luta por uma sociedade democrática, justa e racial e socialmente igualitária.

Zumbi vive!

 

* Cristian Ribas é diretor de Combate ao Racismo da UNE, militante do campo Kizomba e do Coletivo Nacional Enegrecer.

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