Entre os dias 8 e 18 de março, a Marcha Mundial das Mulheres organizará sua 3ª Ação Internacional no Brasil. Neste período, 3 mil mulheres de todas as regiões do país farão uma caminhada entre as cidades de Campinas e São Paulo. O lema das mobilizações é “Seguiremos em marcha até que todas sejamos livres”.
A plataforma de ação se baseia em quatro eixos de luta: autonomia econômica das mulheres; bens comuns e serviços públicos (contra a privatização da natureza e dos serviços públicos); paz e desmilitarização; e violência contra as mulheres.
Durante o trajeto, as caminhantes acamparão em dez cidades paulistas: Valinhos,Vinhedo, Louveira, Jundiaí, Várzea Paulista, Cajamar, Jordanésia, Perus e Osasco. Nelas, no período da tarde, essas mulheres participarão de atividades de formação, com cursos e oficinas sobre diversos temas, entre os quais: trabalho doméstico; saúde da mulher e
práticas populares de cuidado; sexualidade, autonomia e liberdade; educação não sexista e não racista; economia solidária e feminista; soberania alimentar, reforma agrária e trabalho das mulheres no campo; agroecologia; biodiversidade, energia e mudanças climáticas; políticas de erradicação da violência doméstica e sexual; tráfico de mulheres e direito ao aborto. Em Perus, no dia 16, o debate sobre paz e desmilitarização contará com
a presença da filha mais velha do revolucionário Ernesto Che Guevara, a pediatra cubana Aleida Guevara.
No Dia Internacional das Mulheres, um grande ato público em Campinas marcará o lançamento desta 3ª ação internacional da Marcha Mundial de Mulheres. No meio da caminhada (13/03), haverá outra ação pública, em Várzea, onde será lançado o livro sobre o histórico do 8 de março. No encerramento do ato, em São Paulo, as caminhantes
farão um balanço da Marcha e planejarão seus próximos passos. No calendário internacional de lutas do movimento feminista em 2010, o segundo período de ação acontecerá entre 7 a 17 de outubro, com novos atos e marchas simultâneas que se encontrarão em Sud Kivu, na República Democrática do Congo.
Sobre a Marcha Mundial das Mulheres
A Marcha Mundial das Mulheres nasceu em 2000 como uma grande mobilização contra a pobreza e a violência. Naquele ano, as ações começaram justamente em 8 de março e terminaram em 17 de outubro (Dia Internacional pela Erradicação da Pobreza), organizadas a partir do chamado “2000 razões para marchar contra a pobreza e a violência sexista”.
A inspiração para a criação da Marcha partiu de uma manifestação realizada cinco anos antes (em 1995), no Canadá. Na ocasião, 850 mulheres marcharam 200 quilômetros, pedindo, simbolicamente, “Pão e Rosas”. A ação marcou a retomada das mobilizações das mulheres nas ruas, fazendo uma crítica contundente ao sistema capitalista como um todo. Ao seu final, diversas conquistas foram alcançadas naquele país, como o aumento do salário mínimo, mais direitos para as mulheres imigrantes e apoio à economia solidária.
Histórico de ações internacionais
A Marcha Mundial das Mulheres já realizou duas ações internacionais, em 2000 e 2005. A primeira contou com a participação de mais de 5 mil grupos de 159 países e territórios. No ano de lançamento da Marcha, as militantes entregaram à Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova Iorque, um documento com 17 pontos de reivindicação, apoiado por cinco milhões de assinaturas.
A segunda ação mundial, em 2005, novamente levou milhares de mulheres às ruas. A Marcha construiu a Carta Mundial das Mulheres para a Humanidade, em que expressa sua visão das alternativas econômicas, sociais e culturais para a construção de um mundo fundado nos princípios da igualdade, liberdade, justiça, paz e solidariedade entre os povos e seres humanos em geral, com respeito ao meio ambiente e à biodiversidade.
De 8 de março a 17 de outubro daquele ano, as feministas construíram uma grande Colcha Mosaico Mundial de Solidariedade, composta por um retalho de cada país. Tanto a carta quanto a colcha viajaram por 53 países e territórios dos cinco continentes. Mais informações em www.sof.org.br/acao2010.
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