*Por Brisa Bracchi
Não há como falar do 8 de março de 2017 sem falar do golpe, e não há como falar do golpe sem falar do ataque à vida da mulheres.O dia internacional da mulher, sempre foi dia de luta. Há 100 anos as operárias Russas declaravam greve e davam início às mobilizações para a Revolução Russa. Há um ano saímos às ruas no Brasil denunciando a tentativa de golpe que estava sendo arquitetado pela elite conservadora e machista do nosso país. Este ano, após a consolidação do golpe, saímos às ruas para mais uma vez tentar barrar uma medida do governo golpista que ameaça a vida da classe trabalhadora, e em especial as mulheres.
O golpe que derrubou a primeira mulher eleita presidenta do país mostrou sua face machista antes mesmo de sua consolidação, através dos diários comentários machistas contra a presidenta Dilma, que sofreu as consequências de não seguir os padrões da sociedade dado às mulheres. Não era bela, recatada e do lar.
Ainda nos primeiros minutos do governo golpista do Michel Temer foi possível enxergar a concretização dos retrocessos para a vida das mulheres: não havia nenhuma ministra. Todos os ministérios do atual governo golpista são ocupados por homens, e na sua grande maioria, brancos. Destoando totalmente de uma real representatividade da nossa população.
Nos últimos meses, ocupamos e protagonizamos as centenas de ocupações por quase todo país. Estivemos nas linhas de frente do ato do dia 29 de novembro em Brasília contra a PEC55/2016 e neste março vamos parar o Brasil contra a reforma da previdência por compreender os riscos que as medidas desse governo representam.
A Medida Provisória 746, da reformulação do ensino médio, ataca a vida das estudantes secundaristas e dificulta o processo de formação de uma sociedade menos machista e opressora ao desvalorizar, ao ponto de não serem mais obrigatórias, matérias como história, filosofia e sociologia, que possuem um papel fundamental na formação de uma sociedade que compreenda os processos históricos que colocaram as mulheres como inferiores em uma sociedade patriarcal que violenta nossa vidas todos os dias.
O mais recente projeto do desgoverno, ainda, diz respeito à reforma da previdência, onde mais uma vez seu projeto neoliberal ataca a classe trabalhadora, entretanto desta vez, de uma forma ainda mais cruel. A reforma proposta por Michel Temer visa impossibilitar à uma camada da população o direito à previdência. Visa não só aumentar o tempo mínimo de contribuição de 15 para 25 anos, assim como também fixa idade mínima de 65 anos para ambos os sexos, desconsiderando a dupla jornada de trabalho à qual a mulher é historicamente encarregada, uma vez que ainda é a principal responsável pelo trabalho doméstico e pela maternidade.
Além disso, no novo cálculo da previdência só será possível ter o direito de forma integral mediante contribuição de absurdos 49 anos.Ou seja, é engano pensar que essa reforma não atinge a juventude, pelo contrário, o golpista Michel Temer quer construir uma geração de jovens da classe trabalhadora que não tenham mais a oportunidade de sonhar com o ensino superior. Essa reforma, juntamente acompanhada da tecnização do ensino médio a partir da MP746 deixam claras as intenções desse projeto.
É pelo direito de sonhar, de estudar, de aposentar e de viver que vamos às ruas neste 8 de março. É pela vida das mulheres do campo e da cidade, estudantes, trabalhadoras, jovens ou não. É por todas nós, é por nenhuma a menos.
*Brisa Bracchi é diretora de Mulheres da UBES e militante da Marcha Mundial das Mulheres
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