Resolução aprovada na reunião da coordenação nacional da Democracia Socialista, realizada em São Paulo, nos dias 11 e 12 de março, avalia o início do governo e os desafios do Partido dos Trabalhadores e da Democracia Socialista no próximo período. Confira o texto completo aqui.
“A vitória obtida nas eleições de 2022 deve ser interpretada como um fato histórico da luta de classes nacional e internacional. Histórica porque interrompe um período de nove anos de defensiva das forças democrático-populares, de seis anos de governos afinados com uma radical contrarrevolução neoliberal e quatro anos de um governo abertamente fascista. Representou claramente a luta de classes ao opor a votação dos setores mais pauperizados das classes trabalhadoras, dos negros, das mulheres, dos lutadores LGBTQI+, dos defensores do meio-ambiente aos votos organizados pelos setores capitalistas e conservadores.
Ela derrotou o principal governo de extrema-direita no mundo e projeta Lula como a principal liderança internacional de raiz popular e programa antineoliberal. Ela impacta imediatamente toda a conjuntura latino-americana e, com mediações, a luta por uma saída progressista da grande crise de civilização gerada pelo capitalismo neoliberal no século XXI.
Ela só foi possível graças à liderança histórica de Lula, aos acúmulos da resistência dos movimentos populares e democráticos no período, à construção de uma renovada e ampla unidade das forças de esquerda e centro-esquerda liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT). Na vitória obtida no segundo turno das eleições presidenciais também contou o apoio de lideranças neoliberais não-bolsonaristas.
A votação de Bolsonaro não expressou apenas uma força eleitoral, mas um bloco de forças sociais que se organizou em torno ao seu governo envolvendo o capital financeiro, entidades empresariais, a força do agronegócio, as Forças Armadas e Polícias Militares, além de setores populares organizados e cultivados por lideranças evangélicas e católicas conservadoras. Articula-se no nível internacional com forças fascistas e com a liderança de Trump nos EUA.
Mas essa votação foi claramente alavancada por todo tipo de violações aos princípios minimamente democráticos e constitucionais, muito parcialmente contidos pelo STF. Sem estas violações, seria quase certa a vitória da chapa Lula no primeiro turno. Compõe a derrota das classes dominantes, a crise agônica do partido histórico do neoliberalismo brasileiro, o PSDB, e de sua coligação.
A resultante central deste diagnóstico do significado da conquista de 2022 é a compreensão de que se abriu — como possibilidade — um novo ciclo histórico de transformações democráticas e populares no Brasil. Este novo ciclo histórico exige a atualização do programa e da estratégia de todas as esquerdas brasileiras, dos partidos aos movimentos sociais. […]”
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