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Avante, irmandade negra

O Dia da Consciência Negra é de reflexão e luta para a população negra brasileira. A data marca a morte de Zumbi dos Palmares, em 1695. Ainda hoje, há muito pelo que lutar para conquistar igualdade e justiça no dito país da “democracia racial”.

Ribeiro Arce *

“Não há revelação mais aguçada do espírito de uma sociedade do que a forma pela qual ela trata seus filhos”.
(Nelson Mandela)

A data de vinte de novembro vem se transformando, a cada ano, especialmente a partir de 2003, num dia muito importante para boa parte da população brasileira. Celebramos nessa data o “Dia Nacional da Consciência Negra”, quando reverenciamos a morte de Zumbi dos Palmares, ocorrida no ano de 1695. Zumbi foi apenas um negro, entre milhares de outros que derramaram o sangue e tombaram lutando pela liberdade e pelo fim da macabra escravidão no Brasil.

Por falar em escravidão, vale aqui destacar que, por mais de trezentos anos, o Brasil, tanto como colônia portuguesa quanto como país independente, utilizou-se desse regime social de sujeição do ser humano para fins econômicos. A escravidão, essa praga nefasta e perversa, até hoje mancha de forma negativa a história do nosso país e causa prejuízos incalculáveis para os brasileiros descendentes de africanos.

O dia 20 de novembro é uma data de reflexão sobre a luta dos negros e seus descendentes desde a chegada, aqui no Brasil, dos primeiros escravos africanos em meados do século XVI. É na reflexão que a gente percebe o grande legado deixado aqui pelas diversas etnias africanas que pra cá vieram e da grande contribuição delas na formação do povo e da cultura brasileira.

No Brasil, os negros africanos e seus descendentes sempre desempenharam as atividades mais pesadas e degradantes, além da humilhante condição de escravo. Mesmo após o fim oficial da escravidão, em 1888, o negro continuou sendo visto e tratado pelas elites brasileiras como um ser inferior. Tanto é que ainda hoje a discriminação contra o negro corre solta de norte a sul e de leste a oeste de nosso vasto país. E olha que o grupo de afrodescendentes no Brasil é bem numeroso. Segundo dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) no ano de 2008 a população negra era de 79 milhões de afrodescendentes.

A população afro é numerosa e vem se organizando nessa luta constante de construção de cidadania e igualdade. O atual governo também tem dado passos importantes para reparar a humilhação sofrida pelos negros e reconhecer a grande contribuição dada por eles na formação e desenvolvimento do nosso Brasil. Em 2003, o governo do presidente Lula sancionou a lei 10.639, que instituiu o “Dia Nacional da Consciencia Negra”. A lei também tornou obrigatório, nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e medio, o ensino sobre História e Cultura Afro-Brasileira.

Apesar de tardia, a lei representa um marco importante no resgate do legado africano na formação do povo brasileiro. O Estado, mesmo tímido, está fazendo a parte dele. Para acelerar um pouco mais nossas conquistas, precisamos que os 79 milhões de brasileiros assumam a condição de afrodescendentes e lutem destemidos como fizeram Zumbi e tantos outros que tombaram na esperança de conquistarem direitos de viverem com dignidade e respeito. Avante, negros e negras do Brasil.

* Professor da rede estadual de ensino de MS.

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