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O império contra-ataca

Leia artigo do embaixador argentino Oscar Laborde sobre ofensiva do imperialismo norte-americano em enfrentamento a uma política de aprofundamento da solidariedade dos povos latino-americanos. “Cedo ou tarde, o presidente estadunidense deverá expressar claramente como será resolvida essa aparente dualidade no manejo de situações conflitivas”, afirma.

Embaixador Oscar Laborde *

Nos últimos dias, temos visto com preocupação a instalação de sete bases norte-americanas na Colômbia. Esse fato, somado à presença da IV Frota dos Estados Unidos navegando nas costas latino-americanas e pretendendo navegar nos rios de nossos países, demonstra que não existem casualidades na política internacional. Nesse marco, tornam-se claras as contradições e dificuldades do Governo Obama para desenvolver outro tipo de relação com a América Latina, para levar adiante suas próprias estratégias de intervenção em nosso Continente.

Cedo ou tarde, o presidente estadunidense deverá expressar claramente como será resolvida essa aparente dualidade no manejo de situações conflitivas. Tendo em conta que o presidente Álvaro Uribe tem de explicar a instalação das bases em seu país em função de a Colômbia integrar a Unasul; a decisão foi do Departamento de Estado de Barack Obama. E na crise hondurenha foi inocultável a ação de funcionários norte-americanos antes e durante o golpe que derrubou ao presidente Zelaya.

Essa série de acontecimentos foram casuais? Formam parte da luta de setores internos em cada nação sem conexão alguma com os fatos antes mencionados ou respondem a uma decisão mais global como parte de uma restauração conservadora, mas que tem uma matriz comum, um objetivo preciso? Estamos debatendo questões conjunturais ou a questão remete aos limites e alcances do papel do Estado na economia, à integração regional e a distribuição da riqueza?

Todas essas medidas se dão, curiosamente, num cenário em que não existem hipóteses de conflito e no qual se concretizaram acordos bilaterais permanentes (Argentina-Chile, Paraguai-Bolivia, Brasil-Paraguai) para por fim a diferenças históricas e econômicas que, em outros momentos, dividiram fortemente nossos povos.

Ao observarmos a atitude do Parlamento hondurenho na derrubada do presidente constitucional; ou a de muitos legisladores paraguaios ao ameaçarem permanentemente de juízo político o presidente Lugo; ou o voto do Vice-presidente argentino Julio Cobos durante o conflito com a patronal do campo; percebemos que é igualmente nova a forma de implementação das ações “destituintes”.

Sendo assim, devemos prestar muita atenção aos fatos que podem precipitar-se em cada um de nossos países e as atitudes que as força políticas e sociais estão assumindo, pois, para além das criticas pontuais a cada processo e a cada governo, devemos priorizar a defesa dos processos de mudança na região. Nos últimos anos, a unidade e a integração dos povos da América Latina se mostraram suficientes para defender interesses comuns e desenvolver uma solidariedade de conjunto. Portanto, é  nossa obrigação persistir com essa forma de nos vincularmos e não recuarmos à tentação de buscar bilateralmente o relacionamento com os países mais poderosos. Estratégia que, por outro lado, não deu nenhum resultado ao largo de nossa história.

* Representante Especial para a Integração e a Participação Social da Chancelaria Argentina. Artigo publicado em El Argentino em 14 de agosto de 2009.

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