A Mensagem ao Partido pleiteou a Secretaria Geral Nacional do PT para o companheiro José Eduardo porque dentre outras qualidades, José Eduardo é o quadro público do PT que melhor representa o III Congresso no que se relaciona com a retomada dos compromissos com a ética pública.
JOAQUIM SORIANO
Desde a crise de 2005, essa é uma pauta que tem nos colocado na defensiva; e, que, ao mesmo tempo, cobra, à medida que o nosso Partido toma posições mais firmes, iniciativas para sair desta situação.
Não há nenhuma grande mídia mais ou menos simpática ao PT. Pode-se discutir e deliberar nas instâncias partidárias procedimentos sobre como tratar com este ou aquele órgão de imprensa. Hoje em dia, no entanto, não há esta discussão. Todos os órgãos cobrem o PT, entrevistam seus dirigentes e parlamentares.
A Veja se notabiliza pelo reacionarismo e anti-petismo. Não entra nesta categoria, no entanto, a totalidade de seus leitores.
Para falar com setores sociais que se afastaram do PT nos últimos anos é preciso falar também através dos veículos de comunicação, através da grande mídia, naturalmente sem desconhecer que esta mesma grande mídia partidariza pelo ângulo conservador os debates nacionais e, muitas vezes, lidera a oposição ao PT.
Não é possível numa entrevista organizada a priori como ofensiva ao PT, tratar de todos os temas em disputa, mas nosso companheiro José Eduardo contribuiu, para retomar para o PT a iniciativa no tema mais difícil, o da ética.
Ele não fala nenhuma novidade em relação aos seus posicionamentos anteriores. Suas opiniões foram expressas no PED e tornaram-se públicas à época de sua participação na CPI dos Correios.
Dirigentes petistas, parlamentares e militantes manifestaram apoio ao José Eduardo. Alguns destrataram em voz alta, na tentativa de apagar as marcas que a crise de 2005 deixou no partido, esquecendo-se de que, justamente pelas profundas raízes sociais do PT, elas estão espalhadas na sociedade. E que é preciso resgatar nossa identidade partidária de modo amplo e geral, isto é, de forma social.
Mas a reação mais estranha é a carta do companheiro Valter Pomar, primeiro distribuída em listas pela internet. Imbuído de supostas funções de “Secretário de controle, disciplina e ideologia” tenta ao mesmo tempo desqualificar o entrevistado, começando por ressaltar que a entrevista publicada pode distorcer a opinião dada, e ao tentar desqualificar cria um outro sujeito – este identificado com as suas próprias opiniões. Neste jogo fantástico o “outro” está sempre certo e com a razão e o sujeito real sempre errado e no desvio.
A perversão do texto não pára por aí. Para que a opinião do “outro” prevaleça é preciso forçar no limite uma interpretação falsa do que falou o sujeito real. Tem sempre um “melhor seria”… Diferente do que afirma Valter, José Eduardo fala sobre diferentes temas importantes tendo por base as resoluções do PT, por exemplo, a do III Congresso sobre a candidatura de 2010 e a do DN sobre política de alianças.
A passagem abaixo esclarece bem o que quero dizer com falsear, distorcer, intrigar. Valter cita um trecho da resposta de José Eduardo sobre Reforma Política, vejamos:
“A resposta que te atribuem, sobre o tema da reforma política, afirma que “é preciso procurar diálogo com os partidos da base e da oposição na busca de um grande esforço pela reforma política. Chegou a hora de termos um pouco mais de maturidade, que nem sempre a classe política tem, para pensar um pouco mais no estado brasileiro do que em nossas disputas políticas”.
E depois faz o seguinte comentário, forçando a identificação de José Eduardo com a posição do prefeito de Belo Horizonte.
“Esta linha de tratamento do problema parte do mesmo pressuposto adotado pelo prefeito Pimentel, para defender uma aliança estratégica entre PT e PSDB: a suposta existência de fundamentais interesses comuns entre nós e a oposição.”
A insistência de Valter em criar um “outro” chega ao cúmulo de propor que o sujeito real se divida em dois. Tem um Secretário Geral e um Deputado Federal. Um Deputado Federal que já afirmou em diversas oportunidades que se a Ministra Marta Suplici não for candidata a prefeita de São Paul o, ele se dispõe a assumir a tarefa partidária. Assim como outro Deputado Federal, o companheiro Jilmar Tatto, que já se posicionou na mesma direção.
O que motivou, para nós, a entrevista, é a utilização de espaços inclusive aqueles mais adversos, como a Veja, para ampliar a luta pela recomposição da identidade do PT, que une socialismo, democracia, defesa dos interesses dos trabalhadores, liberdade e ética pública. É ilusão achar que esse processo se dá por consensos, embora quanto mais acordo, entre nós, melhor. Há reações contrárias, por razões diversas, dentro do PT e fora do PT. Esse foi mais um episódio desse processo.
Joaquim Soriano é Secretário Nacional de Formação Política do PT
– Confira a entrevista de José Eduardo Cardozo publicada na Revista Veja.
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