CUT, UNE, MST e Marcha Mundial de Mulheres anunciaram mobilização no dia 1º de julho contra a tentativa de desestabilização do governo pela direita. A manifestação dos integrantes da Coordenação dos Movimentos Sociais (CMS) vem casada com uma defesa de uma reforma política democrática e de mudanças na política econômica. João Pedro Stédile, do MST, afirmou que a ofensiva da direita demonstra que existe uma luta de classes evidente, e que não existe possibilidade de uma aliança com a centro-direita ter caráter popular. A CMS acredita na mobilização popular como impulso para mudanças no governo.
Como parte desta iniciativa a CMS lançou a Carta ao Povo Brasileiro. Nela, as entidades se colocam contra a desestabilização política do governo e contra a corrupção, e pedem mudanças na política econômica. O texto, assinado por cerca de 40 entidades, pede prioridade aos direitos sociais e afirma a necessidade de reformas políticas democráticas, reforçando a importância da participação popular. A carta convoca a sociedade brasileira a se mobilizar para enfrentar a crise política e “fazer valer os princípios democráticos”, e pede a exclusão dos setores conservadores do governo e o afastamento das autoridades sobre as quais pairem qualquer suspeição. Veja a íntegra da Carta:
Barrar o golpe da direita e mudar o Brasil
Brasileiros e brasileiras,
Nosso país vive um momento decisivo, onde a união e a mobilização do povo em defesa do projeto de mudanças para o qual Lula foi eleito é essencial para evitar o retrocesso e barrar o golpe movido por setores da mídia, do PSDB e do PFL, a serviço do governo de Washington. Esses arautos da moralidade são os mesmos que armaram contra a posse de Juscelino, organizaram a derrubada do presidente João Goulart e instauraram a ditadura em 1964.
Derrotados nas urnas, os golpistas querem fazer a roda da história girar para trás, por isso tentam paralisar o governo com denúncias sem provas, com manchetes sem fatos, amparadas apenas e tão somente na farsa tragicômica de um elemento desqualificado como Roberto Jefferson. Pensam que pela manipulação da mídia, com a hipnose dos holofotes de suas televisões e os rios de tinta de suas publicações, poderão transformar o certo em errado, a verdade em mentira, o presente em passado.
A elite não aceita ver no poder alguém que não se submeta às suas determinações, que não diga amém aos seus amos, que nos fóruns internacionais assuma a defesa do Brasil e do seu povo, que diga não à guerra de Bush e sua política belicista e intervencionista, que lute pela integração do Sul e diga não ao projeto de submissão à Alca e de privatização do Estado.
Pela sua história e compromisso, Lula quebrou a dinastia dos Fernandos, e suas viúvas agora querem isolá-lo e derrubá-lo. No entanto, não conseguirão colocar na defensiva os setores nacionais e populares que dão sustentação ao governo, e com ele pretendem aprofundar as transformações sociais.
A bandeira da ética e da justiça é a negação da submissão e do entreguismo, ela pertence ao povo brasileiro, que exige a rigorosa apuração de todas as denúncias de corrupção e a punição dos culpados.
Defendemos os avanços e a democracia conquistada contra a manipulação dos setores mais apodrecidos da sociedade, que perderam de há muito qualquer referência no Brasil e em seu povo, e alertamos para a necessidade de mudanças urgentes na política econômica. É preciso alterar a rota, reduzindo os juros e o superávit primário, garantindo a ampliação dos recursos para as políticas públicas, acelerando a geração de emprego e renda, e realizando as transformações que o nosso povo clama e o Brasil tanto necessita. Reforma agrária, urbana e universitária são pontos chaves nessa caminhada.
Também somos favoráveis à realização de uma reforma política democrática, que amplie a fortaleça o papel dos partidos, que garanta o financiamento público e a representação plural e sem barreiras dos mais amplos setores, fechando o espaço para o capital corruptor e, conseqüentemente, para os partidos e parlamentares a seu soldo.
Os movimentos sociais reafirmam sua confiança e identidade com o projeto democrático-popular e conclamam o povo brasileiro a se mobilizar, a tomar as ruas e praças para barrar o golpismo, avançar nas transformações e construir um Brasil soberano, justo e igualitário para todos os seus filhos.
Coordenação dos Movimentos Sociais
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