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A diferença ainda pulsa

Reproduzimos artigo que nos foi enviado pelo companheiro Charles Alcântara, militante do PT e da DS no estado do Pará.

CHARLES ALCANTARA

Quem nasceu do brado contra a exploração e dos punhos cerrados de quem decidiu lutar contra os exploradores, não pode ser igual. Não pode ser igual quem nasceu exatamente da diversidade. É diferente por excelência quem reconhece, respeita e regulamenta a convivência entre os diferentes. Jamais será igual quem, mesmo ante o desejo de ser igual aos demais, cai em desgraça, por absoluta falta de vocação para ser igual. Definitivamente, não será igual quem nasceu sob a luz do sol e sob o calor das massas. Assim como as plantas, o PT nasceu de baixo para cima e está profundamente enraizado no chão brasileiro. Como ser igual quem tem essa natureza?

Se há muito vem se degenerando a democracia interna no PT, é por que há democracia interna submetida à degeneração.

Se o PT vem corrompendo as suas formulações programáticas em favor do pragmatismo eleitoral, é por que há programa partidário passível de ser corrompido.

Se o PT vem rompendo os laços com os movimentos sociais, negando os seus princípios fundantes e se imiscuindo na prática fisiológica que sempre caracterizou os partidos liberais e conservadores, é por que há laços com os movimentos socais suscetíveis ao rompimento e princípios sujeitos à imolação.

Se o PT vergou-se aos propósitos de uma cúpula partidária, que o seqüestrou e o afastou de sua militância, é por que há militância submetida ao despojamento.

Se a política econômica adotada pelo governo Lula favorece o capital financeiro e aprofunda as iniqüidades sociais, é por que há outro modelo econômico possível e coerente com os compromissos históricos do PT.

Se há estupefação, indignação e revolta, entre os que ajudaram a construir o PT e entre os que sempre o admiraram, é por que não se admite que o PT sequer pretenda ser igual.

Se as hienas estão gargalhando, como bem anotou Emir Sader, é por que têm muito a ganhar com a consolidação da idéia de que o PT é igual.

Deixar-se envolver por sua militância, abrir-se para a renovação de sua direção, em todos os níveis, reconhecer-se nos movimentos sociais, reassumir os compromissos com as causas populares e com a transformação social, enfim, perder as eleições, se este for o preço para manter a identidade política, a coerência e a credibilidade, serão os desafios para a reabilitação de um partido de notável e notório ineditismo na história política brasileira e mundial.

O PT nasceu diferente, forjou-se capaz de fazer a diferença e, mesmo que viesse a morrer ao fim do drama em que está enredado, ainda assim, não passaria para a história por haver sido igual.

Ainda que muitos – da extrema direita à extrema esquerda -, queiram, O PT não será igual, pois a própria maneira como vem tentando enfrentar a sua agonia já é, por si só, diferente.

A extrema unção do PT intentada pela imprensa monopolista e privatista, partidos de direita e alguns partidos que se intitulam socialistas, fracassará, a depender da liberação do protagonismo de sua militância, da capacidade de reconhecer os próprios erros, da humildade para se abrir para a renovação da direção e da coragem para mudar os rumos.

O PT ainda pulsa, pois ainda pulsa a diferença.


Charles Alcântara é militante do PT (membro da coordenação estadual da DS), no Pará.

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