Por Lúcio Costa *
A geração de meus pais teve o Maracanã e foi redimida pelo Tri Campeonato de 1970. Ontem, minha geração teve o Mineiraço e, há de reiniciar a busca do reencontro com a alegria do futebol.
Reencontrar o caminho da vitória certamente será uma longa caminhada. Nela, há de se dar as costas às engrenagens que fizeram da CBF uma capitania hereditária; ao dito Clube dos 13 e seu conluio com a Rede Globo que, com sua mescla de picaretagens e improvisações, levou ao que ontem assistimos: fiasco e vergonha.
Buscar o que nos fez “bons de bola”, a criatividade e a elegância de um jogar que se aprendia na rua, nas várzeas requer reencontrar-se com o futebol amador; exige uma reforma do futebol brasileiro que acabe com a festança da CBF e dos grandes clubes que, a pretexto do futebol, se transformaram de há muito em máquinas feitas na medida para a exportação de jogadores e contratos milionários de publicidade a entesourar cartolas e empresários.
A comemoração pela Casa Grande e a chusma de vira-latas que lhe acompanha da derrota da Seleção, os foguetes que fizeram estourar numa noite de silêncio, dor e indignação para o povo brasileiro vêm mais uma vez recordar que a oligarquia desde sempre esteve de costas para a Nação e sua gente e, que sócios das feitorias por outras gentes aqui montadas, têm seus amos, seus corações e mentes em terras estrangeiras.
Entre os escribas e arautos da Casa Grande há que pense em fazer da derrota da Seleção caminho para uma revoada tucana. Ledo engano, no entanto, próprio de quem sempre teve o povo como gado a ser tocado ao curral de seus interesses.
O povo brasileiro, nestes 25 anos de liberdades democráticas tem aprendido e, mais ainda em eleições majoritárias, a definir seu voto conforme critérios de escolha pautados pela busca de uma vida melhor, pela realização de seus direitos. Esse, aliás, foi o signo das manifestações de junho de 2013 durante a Copa das Confederações.
Ademais, em sendo o Brasil um País que tem na alegria de seu povo uma das características que o definem é difícil acreditar que o caminho da vitória e alegria de umas poucas aves agourentas se faça a partir da derrota e tristeza dos milhões. Mais mudanças e mais futuro. Eis, o caminho do reencontro do povo brasileiro com a alegria do futebol.
Ficam os cumprimentos à Alemanha mas, acima de tudo fica a esperança trazida pelo samba que ensina que, se “hoje você é quem manda” amanhã, com certeza, há de ser outro dia!
* Lúcio Costa é advogado.
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