Se a queda de uma simples folha é vontade de Deus, imagine a decisão sobre os destinos do Brasil, o país, segundo dizem, mais cristão do mundo.
TPE, TPO e TPP
Ufa!, até que enfim, passou a TPE (Tensão Pré Eleitoral) e, ao contrário do que ocorria em eleições anteriores, que era o vencedor festejar e o perdedor lamber as próprias feridas, iniciou – pelo golpismo do derrotado – a TPO (Tensão Pós Eleição) e a TPP (Tensão Pré Posse).
Até recentemente o perdedor reconhecia a vitória do adversário e se declarava, pela vontade do eleitorado, oposição. Agora o atual derrotado, sob as mais diversas mentiras, nega o resultado eleitoral e com mais ódio e maior agressividade alimenta e estimula seus seguidores a praticarem atos terroristas.
Onde querem chegar?
Sabemos onde desejam chegar, a dúvida é se conseguirão impor-nos uma ditadura, caso não consigam vem outra questão: até quando continuarão com os atentados terroristas?
Rir de quem?
Na rua pedindo votos as candidatas e candidatos que apoiei, ouvia cotidianamente a citação do nome de Deus e, às vezes a de Satanás. Eram inúmeros “Deus me livre”, “Se Deus quiser”, “Sai Satanás”, …
No segundo turno piorou: ouvi coisas que até o diabo ficaria com vergonha.
Me mandaram várias vezes para o inferno. Ninguém me mandou para o céu. Nestes momentos lembrava-me do poema/comentário, Da imparcialidade, de Mario Quintana:
O homem – eternamente escravo de suas paixões pessoais –
É absolutamente incapaz de imparcialidade.
Só Deus é imparcial.
Só Ele é que pode, por exemplo,
Abençoar, ao mesmo tempo,
As bandeiras de dois exércitos inimigos que vão entrar em luta…
O embate político/eleitoral deste ano foi quase uma guerra, ambos os adversários – um mais, outro menos – clamaram por Deus. A partir destes e de tantos outros clamores foram me surgindo perguntas:
- Deus, como escreve Quintana, neste caso foi imparcial e abençoou as duas bandeiras ou tomou posição a favor de uma?
- Se atendeu só um dos lados, qual o critério que usou para decidir?
- Tomada a decisão, orientou a estratégia para a vitória?
Supondo que abençoou os dois, será que no fundo do seu íntimo, torceu por um ou simplesmente pensou: que vença o melhor? Mas, para quem acredita na força divina sabe que o melhor depende da vontade de Deus.
Nas ruas me sugiram muitas perguntas, pena que parte delas evaporaram, mas Deus que tudo ouve e lê – até pensamentos – sabe o que pensei.
Houve – como sempre existiu – alguns fanáticos e charlatões dizendo que receberam mensagens ou que falaram com Deus e em nome Dele pediam votos para as suas candidaturas. Nesta situação especifica também me surgiu perguntas:
- Com o avanço da tecnologia qual foi o meio usado para o diálogo e/ou receber estas mensagens?
Ou foi mesmo através do método antigo: a telepatia?
Terminada a eleição, a luta, a intriga, o evento, a guerra, os dois competidores e seus respectivos “exércitos”, imagino, voltaram os olhos à Deus: um para agradecer e o outro para lamentar.
- Ou será que o perdedor foi além dos lamentos e acusou Deus de traição ou de abandono?
- Será que terminado o processo eleitoral, Deus por ter sido imparcial, rio dos dois?
Pode também, não ter abençoado nenhum, e assistiu tudo de camarote, neste caso também, rio dos dois.
Imaginei que também pode ter rido de si próprio, pois errou na estratégia daquele que Ele desejou a vitória e foi derrotado.
Não. Esta última hipótese não existiu, foi só uma troça minha. Explico: há um dito que diz, “não cai uma folha sequer de uma árvore sem a permissão de Deus”.
Se a queda de uma simples folha é vontade de Deus, imagine a decisão sobre os destinos do Brasil, o país, segundo dizem, mais cristão do mundo. Deus com certeza não fez como Pilatos e lavou as mãos.
Tenho absoluta certeza que os que estão nas ruas e estradas protestando e praticando atos de terrorismo – apesar de clamarem tanto o nome do Senhor – contrariam a vontade de Deus ou Nele não acreditam.
Dr. Rosinha é médico aposentado e ex-deputado.
Via Plural.
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