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Após primárias, cenário eleitoral argentino vai ficando mais claro

990154Por Humberto Tumini, no site do Libres del Sur

As eleições primárias, abertas e simultâneas de 11 de Agosto, em medida nada desdenhável, contribuíram para clarear o panorama político dos anos de governo que sobram a Cristina Kirchner e das eleições presidenciais futuras de 2015. Algo que muito provavelmente, com seus mais e seus menos, será ratificado em outubro.

Por agora, se confirmou algo que estava no ar há algum tempo: não haverá possibilidade de reeleição. O governo nacional recebeu uma derrota muito dura (que provavelmente, em um grau, será maior nas gerais que se avizinham), não apenas na estratégica Buenos Aires, mas também em muitas das províncias do interior; fruto – entre outras coisas – do impacto nas economias regionais do atraso cambiário.

A consequência direta do dito revés, é que não lhe darão os números no próximo parlamento para tentar uma reforma da Constituição que permita um novo mandato presidencial. Portanto o kirchnerismo, sem um sucessor de Cristina forte a vista, deverá, seguramente, buscar a maneira de negociar com o justicialismo a saída de seu terceiro período.

Isso pode significar distintas variantes atadas todas elas a diversas circunstâncias, porém o fundamental será como conseguirão conduzir-se nos dois últimos anos após essa derrota eleitoral, e com uma economia que necessitará algumas medidas impopulares para que não chegue ao caos. Acima de tudo isso, já há algo concreto: o ciclo K, após doze anos de duração, terá data de vencimento em Dezembro de 2015.

Outro dado que nos deixa o domingo de 11 de Agosto, é que a oposição de centro-direita a esse governo conseguiu uma referência de certo peso: Sérgio Massa. Sua apresentação às primárias e o triunfo nelas, salvou a esse setor de um papelão. Saindo divididos nas prévias, por conflitos entre quem eram nesse momento seus principais representantes: Macri, De la Sota e De Narváez, conseguiu superar a situação com a boa performance do prefeito de Tigre.

É certo que seus componentes têm um grau de heterogeneidade importante e que – ainda por cima – competem entre eles. Mas também é verdade que entre todos – Frente Renovadora, Partido Justicialista anti K e PRO – somaram uma respeitável quantidade de votos nessas eleições. Por isso, para além das patadas que venham a ocorrer no futuro próximo, é provável que busquem um reagrupamento comum que os contenha. Ao que tratarão de somar, com boas possibilidades de consegui-lo, parte do justicialismo que ainda apoia o governo; em particular se esse não consegue armar, em direção a 2015, uma opção competitiva, o que é muito provável. É preciso seguir com atenção, a proposta de Scioli de realizar eleições internas para definir o candidato a presidente. Pode ser uma saída elegante para o kirchnerismo e até pode incluir a Macri, se persiste em sua ambição presidencial (apesar de que caso perca em outubro as eleições da Capital, pode ser o fim de sua aventura).

O concreto é que a centro-direita entrou na corrida em direção a 2015, como um dos grandes concorrentes. Receberá muito provavelmente o apoio da maioria dos setores de poder vernáculos, dos que estão com o governo e dos que se opõe, que os vêm com bons olhos.

Por último, os opositores de centro a esquerda também tivemos um destacado papel nas recentes internas. No começo desse ano dizíamos: “Nós, pelo contrário, na busca justamente por derrotar essa tentativa do regime dos abastados –referindo a centro-direita – e abrir caminho a um projeto de país progressista, que consiga transformar a Argentina nesse período histórico favorável, devemos defender a unidade em outra aliança política, bem diferente. Uma que vá do centro a esquerda, que ganhe o apoio das camadas médias e que consiga paralelamente estimular a adesão popular nela. Esse é o grande desafio que nos apresenta a história, particularmente a nossa Frente Ampla Progressista (FAP). Temos que ser capazes de agrupar, com um programa transformador, em um novo polo nacional e popular, aos mais amplos setores suscetíveis a ele. Sem estreitezas ideológicas, vamos pela construção de outro país, não esqueçamos. Objetivo enorme que requer uma grande unidade para ter possibilidades reais de conquistar a supremacia política”.

Evidentemente que demos um passo importante nessa direção. Entre a FAP, a UCR, a Coalizão Cívica e outras forças, em muitos distritos em aliança e em outros com acordos parciais, triunfamos em Santa Fé, na Capital, Mendonza e outras províncias. Em muitos outros saímos em segundo, a distâncias muito menores dos ganhadores do que em 2011 e – além disso – conseguimos nacionalmente cinco milhões e meio de votos, que quase seguramente aumentarão em outubro. Ao que podemos agregar que diversos dirigentes desse espaço político se credenciaram como potenciais presidenciáveis; destacando entre eles Hermes Binner.

A tudo isso se deve somar que, com a constituição da UNEN na cidade de Buenos Aires e a excelente interna que levamos adiante, se delineou claramente um caminho possível para resolver controvérsias de candidaturas, tendo entre nós um programa comum que unifica.

Um novo ator, verdadeiramente de peso, ficou instalado no caminho das presidenciais. Por certo, ainda com contradições e diferenças, com obstáculos não menores por superar, mas sem dúvida com um enorme potencial político. Da inteligência, generosidade e amplitude de nós, os dirigentes da mesma, depende que consigamos oferecer a maioria da sociedade nos próximos dois anos uma oposição firme e séria ao governo kirchnerista, e sobretudo uma opção progressista de governo para 2015.

Livres do Sul, da mesma maneira que impulsionou decididamente a unidade para esse processo eleitoral, trabalhará entusiasta e decididamente para que a mesma vá se transformando em uma realidade permanente; nos tempos mais curtos que seja possível.

* Tradução: Iuri Faria Codas

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