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Bloqueio orçamentário na educação: enfrentar a radicalização da agenda ultraliberal e antidemocrática do Governo Bolsonaro! | Fernando Andrade Pires

Os primeiros 100 dias de Jair Bolsonaro (PSL) à frente do Governo Federal foram marcados por uma correnteza de ações desastrosas e pela incapacidade de articulação política do presidente da república e de seu núcleo auxiliar com as demais esferas de poder, sobretudo o Legislativo.

Não foi difícil, então, para muitos setores, se deixar seduzir por análises reconfortantes que previam uma asfixia precoce do governo, tendo em vista sua decadente aprovação popular, capaz de inviabilizar a aplicação de políticas prioritárias para o grande capital como a Reforma da Previdência.

Contudo, se tem algo que os movimentos conjunturais pós-Golpe de 2016 têm a nos ensinar é que nenhuma conquista sobre a contrarrevolução neoliberal e o bolsonarismo virá sem organização, lucidez e luta. Se mostram equivocadas as análises de tom imobilista que consideram as contradições no cerne do bolsonarismo e sua aparente autofagia como suficientes para o recuo de sua agenda de austeridade e negação das garantias constitucionais.

Os ataques anunciados nas últimas semanas às Universidades e Institutos Federais, através de bloqueios orçamentários na órbita dos 30%, indicam uma disposição revigorada deste governo para sua ofensiva retaliatória e privatista. Isto pois, se de um lado, tenta-se intimidar o movimento estudantil e cooptar reitorias em função da resistência assentada nos espaços de intercâmbios do saber; de outro, o ramo empresarial encontra mais razões para sua euforia.

Assim, enquanto as instituições públicas de ensino e suas entidades representativas emitem notas e convocações ao enfrentamento dessa ameaça, as empresas privadas que exploram a educação como bem de consumo fecham o último dia 13 com suas ações em alta no mercado financeiro.

Embora o panorama desperte aflição e desalento, a reação ampla e unitária dos lutadores e lutadoras com a Greve da Educação deste 15 de maio e o calendário unificado rumo à Greve Geral do próximo 14 de junho aponta para um novo momento de aglutinação e combate. Nos encontramos diante de uma oportunidade inédita, após o segundo turno das eleições de 2018, de reinserir o nosso campo na zona de realidade objetiva da classe trabalhadora.

A defesa nítida e altiva do direito à educação pública e de qualidade aliada à denúncia do desmonte da previdência social nos permitirá fazer a disputa na sociedade contra o avanço do autoritarismo e pela liberdade de Lula em melhores condições. Estar presente na luta será, logo, nossa melhor arma contra as fake news e as próximas etapas do projeto de criminalização da vida política e da mobilização social.

É fundamental, portanto, a superação do imobilismo forçado pela conjuntura até então desfavorável, bem como pelas limitações à agenda institucional, em vista de forjar um novo período de ofensiva socialista e democrática rumo à derrota dos “de cima”. Tarefa essa que será testada nas ruas neste 15 de maio e no próximo 14 de junho, onde estaremos reafirmando a nossa defesa da educação pública e do direito à aposentadoria e assim nos reconectando, no mundo do vivido, aos anseios e demandas dos “de baixo”.

Fernando Andrade Pires é formado em Comunicação Social, estudante de Ciências Sociais na UFRN e militante da Democracia Socialista no Rio Grande do Norte.

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