Na expedição eleitoral ao Rio Grande do Sul custeada com dinheiro público para encontros com a vanguarda do atraso da oligarquia gaúcha, Bolsonaro cometeu crimes comuns e de responsabilidade em série.
Mas quem as polícias prenderam?: – ora, o cozinheiro e a manifestante, claro.
Na 5ª feira [8/7] a Polícia Federal, transformada em Gestapo do governo militar, prendeu na cidade de Bento Gonçalves o cozinheiro Eduardo Lazzari, funcionário do Hotel Spa do Vinho.
O motivo da prisão? O serviço secreto do general Augusto Heleno teria encontrado extremo perigo numa publicação banal do cozinheiro nas redes sociais ao saber que teria de cozinhar para Bolsonaro e comensais: “Vou ter que cozinhar para este diabo ainda, que raiva”.
Já neste sábado, 10/7, a Brigada Militar algemou e prendeu uma cidadã que protestava durante passagem de Bolsonaro e sua matilha de moto-fascistas pelas ruas da capital.
O motivo para a prisão? A mulher estava cometendo o “gravíssimo crime” de bater panela em protesto político!
A Brigada alega que “a manifestante estava agredindo motociclistas com chutes e desacatou as PMs que a abordaram” [sic].
Várias pessoas que testemunharam o episódio asseguram, entretanto, que a manifestante foi presa por protestar contra o cortejo moto-fascista. Está claro que era uma inofensiva “batedora de panela”!
Enquanto o cozinheiro e a manifestante foram presos, Bolsonaro ficou livre e solto, em que pese os inúmeros crimes cometidos em menos de 48 horas de passagem pelo Rio Grande: do Sul:
– promoveu atividades políticas e eleitorais usando a máquina e dinheiro públicos;
– atentou contra a saúde pública [artigos 267 e 268 do Código Penal] e contra protocolos sanitários nacionais e internacionais;
– infringiu o Código de Trânsito [uso de capacete em desacordo com a Lei] e leis de trânsito. Como reincidente, aliás, já deveria ter sido suspenso o direito de dirigir;
– confessou ter prevaricado em relação à denúncia de corrupção para aquisição de vacinas;
– ameaçou suspender a eleição de 2022; e
– agrediu ministro do STF, atacou o poder judiciário e conclamou sua matilha a apoiar ruptura institucional, além de outros crimes de igual ou maior ofensividade ao Estado de Direito.
Bolsonaro, o chefe nominal do governo mortífero e corrupto dos militares, comete crimes diuturnamente, em série e a olhos vistos, mas fica livre e solto, ao passo que críticos e opositores deste descalabro governamental são presos e têm seus direitos civis tolhidos.
As mobilizações sociais de massa começam fazer efeito, mas precisam crescer muito mais. Pesquisas de opinião já mostram a maioria da população querendo o impeachment desta aberração monstruosa chamada Bolsonaro.
Uma democracia cujas instituições estejam efetivamente comprometidas com o Estado de Direito é incompatível com ladrões e genocidas governando e controlando o poder.
- Jeferson Miola é analista político.
- Publicação original : jeferson miola
Ilustração: Aroeira/Revista Focus Brasil
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