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Cinco caminhos para reencontrar Otaviano

1179435Por Juarez Guimarães

O jornalista e revolucionário Otaviano Carvalho, imerso no grande rio da memória, permanece em seus modos de presença. Faz bem a nós revisitá-lo – sempre.

Os gregos chamavam de Letes, o rio da morte e do esquecimento. Assim, o rio da memória é também o rio da vida.

Otaviano Carvalho, tragicamente morto junto com a companheira Elizabeth Lima, em um fatal acidente quando acompanhava o retorno de Lula em uma caravana a São Mateus, norte do Espírito Santo, em 10 de agosto de 1999, freqüenta sempre o nosso rio da memória. Neste dia 5 de dezembro de 2013, será lançado em Vitória o livro “A corrupção da opinião pública. Uma defesa republicana da liberdade de expressão” a ele dedicado. Redigido por Juarez Guimarães e Ana Paola Amorim, editado pela Editora Boitempo, o livro busca fundamentar na filosofia política e na ciência política uma crítica e uma alternativa ao modo liberal de entender a liberdade de expressão como um “mercado de idéias”.

Há cinco modos de presença Otaviano Carvalho em nossas vidas.

O primeiro é compreender a sua contribuição às grandes jornadas de luta que levaram Lula à presidência em 2002. Otaviano, como Chico Mendes, Margarida Alves e tantos outros, semearam, mas não puderam presenciar a colheita do grande ciclo de transformações atualmente vivido pelo Brasil nos anos Lula e Dilma. Do movimento estudantil em Belo Horizonte até 1999 foram 25 anos de militância em entidades estudantis, na formação do PT do Espírito Santo, em associações de bairro e como jornalista em oposições sindicais e sindicatos, como vereador e deputado estadual. Todo este esforço não foi em vão. O ano de 1999 iniciava a quarta jornada de Lula à presidência da República, desta vez vitoriosa.

O segundo modo de presença Otaviano é lembrar as causas pelas quais lutou em sua vida. A caravana de Lula na qual foi vitimado visava a luta contra a privatização da Telebrás e em favor da reforma agrária. Hoje quando acende no país a luta pela democratização dos meios de comunicação, é certo que Otaviano estaria entre as principais lideranças devido ao seu acúmulo e seu conhecimento na área de comunicação.

O terceiro modo de lembrar Otaviano é falar de sua enorme contribuição à formação da tendência Democracia Socialista em seus primeiros anos e que continuou até o final. Otaviano, como Raul Pont, conjugou sempre a condição de construtor de coletivos com uma franca atividade de representação pública. Desta forma, não havia lugar para um personalismo,mas para o compartilhamento e para a formação de uma tradição que continua. Nascia ali também uma relação política com João Carlos Coser, que iria formar a Mensagem ao Partido no Espírito Santo.

O quarto caminho para evocar Otaviano é falar do grande amor da sua vida – a companheira Lísia-, das suas duas filhas que deixou, Camila e Mariana, então crianças, hoje adultas, de seus parentes depois visitados em Iguatama (MG) por Lula, de seus companheiros mais próximos de militância, seus amigos espalhados por todo o Brasil. A sua própria comunidade de destinos formada em torno sempre da utopia do socialismo democrático.

Mas há ainda um quinto caminho para reencontrar Otaviano: é lembrar da sua paixão, da sua alegria de viver, de amar e transformar o mundo! A capa do boletim especial “Praça Oito”, do PT de Vitória, todo ele dedicado a Otaviano em 1999, estão os versos da canção de Gonzaguinha, ele também perdido em um desastre nas estradas, que Otaviano trazia no carro:

“ São as lutas dessa nossa vida/Que eu estou cantando/ Quando eu abrir minha garganta/ Essa força tanta/ Tudo que você ouvir/ Esteja certo, estou vivendo/ Veja o brilho dos meus olhos/ E o tremor nas minhas mãos/ E o meu corpo tão suado/ Transbordando toda raça e emoção/ E se eu chorar e o sol molhar o meu sorriso/ Não se espante e cante/ Que o teu canto é a minha força pra cantar/ Quando eu soltar a minha voz/ Por favor entenda/ É apenas o meu jeito/ De viver o que é amar.”

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