Aos 27 anos, piercing no canto da boca, tatuagens, minissaia e sorriso fácil, a estudante de Ciências Sociais Clarissa Alves da Cunha estreou na segunda-feira no posto de segunda-vice-presidente nacional do PT, cargo cujo primeiro ocupante foi o histórico militante de esquerda Apolônio de Carvalho (1912-2005).
Sete horas depois, terminado o encontro no diretório do PT em São Paulo, Clarissa havia conseguido a proeza de incluir algumas de suas sugestões na resolução política aprovada naquela tarde, feito que alguns líderes de correntes minoritárias tentaram por anos, sem sucesso.
Ex-vice-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Clarissa foi escolhida pela corrente Mensagem ao Partido entre outros motivos para preencher duas cotas, a de jovens (20%) e a de mulheres (50%). Hoje ela é uma das esperanças do partido para entender a juventude que foi às ruas em junho de 2013.
Filha do médico pediatra e vice-reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Antonio Ledo Alves da Cunha, Clarissa mora na Lagoa, um dos bairros mais caros do Rio, e foi a todas as manifestações da cidade em 2013.
Em 2006, recém-chegada à PUC-Rio, ela entrou para o movimento estudantil e se filiou ao PT. Desde então esteve na direção no centro acadêmico, no diretório central, na União Estadual dos Estudantes e na UNE. No ano passado, ficou em terceiro lugar na disputa pela presidência do PT. Clarissa gosta de MPB, rock dos anos 70, barzinhos da Lapa e Botafogo, ruboriza quando questionada sobre namorados e não esconde a irritação diante de críticas ao PT.
Uma de suas missões na cúpula da sigla é espantar os fantasmas que assombram os gabinetes políticos desde junho. Um deles é a violência da qual petistas foram vítimas durante os protestos. “A preocupação de hostilidade e violência que a gente tem que ter é por parte da polícia. Aquilo é que foi violento mesmo. O resto, as palavras de ordem que podem parecer agressivas, representa importantes argumentos políticos de uma juventude que quer participar”, disse.
Clarissa não se incomoda em militar no partido do poder mas defende as novas formas de mobilização política fora dos partidos.
“É importantíssima a militância que está organizando e desorganizando a política”, avalia. “Temos que ouvir as novas formas de organização que a juventude propõe. A gente tem que ter um olhar atento sobre o que a juventude quer da política. O que é o PT do nosso tempo?”
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