Neoliberalismo está em crise no continente.
A Venezuela é a principal fissura que a ordem neoliberal sofreu na nossa região. Esse papel lhe é dado pelo peso econômico do país, mas também porque há um claro processo de mobilização popular dentro de um aprofundamento da revolução bolivariana.
Diferentemente de outras latitudes, na América Latina o neoliberalismo em está crise. Isso explica as rebeliões populares que derrubaram presidentes na Bolívia, Equador e Argentina. Explica também os processos políticos que elegeram candidatos que se apresentaram como alternativa no Brasil e no Uruguai. E o fato de que governos não identificados com o campo popular apresentem um perfil atípico na cena regional (como Argentina e Panamá), buscando firmar alguns espaços de soberania nacional.
Esta conjuntura acontece pouco tempo depois de uma forte crise da esquerda latino-americana, sob impacto combinado do auge do neoliberalismo com a derrubada da URSS no início dos anos 1990. Todas as correntes de esquerda – mesmo as não subordinadas aos centros soviético, chinês ou social-democrata europeu – que sobreviveram àquela crise se transfiguraram nesse processo. Também muitos partidos e grupos desapareceram – ou quase desapareceram.
Reorganizando a esquerda
Nesse contexto, seria interessante analisar mais a fundo o que é a esquerda venezuelana hoje. Porque nesse país, onde a esquerda está mais avançada regionalmente, no entanto, as referências político-ideológicas socialistas tal como conhecemos até a primeira metade da década passada praticamente desapareceram. A revolução bolivariana “engoliu” esses grupos e partidos.
A maioria de seus militantes agora tenta novas sínteses que incluam sua participação neste tipo de revolução popular não prevista nos “manuais”. E evidentemente todas aquelas heranças se mostram muito pequenas frente ao gigantesco processo político que vivem amplos setores da população pobre. É necessário mencionar, ainda, que alguns setores minoritários da antiga esquerda se bandearam e estão aliados à direita raivosamente anti-chavista.
No plano latino-americano, é evidente que o cenário da esquerda sofreu uma profunda mudança nos últimos anos. Nesse contexto, se coloca a questão de “por onde” passará um reagrupamento das esquerdas da região. Esse é um tema estratégico que continua aberto.
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