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Disputa em São Paulo segue em aberto

No momento, duas linhas parecem se sobressair: a disputa entre Nunes e Marçal pelo voto bolsonarista decidirá a ida ao segundo turno – e Nunes parece ter vantagem por ter, além de um contingente significativo entre os eleitores do ex-presidente, presença nas camadas populares. Leia análise do NOPPE

Imagens: Reprodução

As pesquisas mais recentes sobre a disputa eleitoral pela prefeitura da cidade de São Paulo trazem movimentações que sugerem possíveis desdobramentos. No momento, a disputa de Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB) pelo voto bolsonarista, por um lado, e a busca de Guilherme Boulos (PSOL) pelo eleitor de Lula, por outro, provavelmente irão definir qual será o segundo turno na cidade. Pesquisas desta semana irão medir o impacto da agressão de Datena (PSDB) a Marçal em debate promovido pela TV Cultura.

Segundo a pesquisa mais recente, realizada pelo Datafolha, Ricardo Nunes e Guilherme Boulos lideram as intenções de voto no município, empatados tecnicamente considerando a margem de erro de 2 pontos percentuais, com ligeira vantagem de Nunes (27%) contra Boulos (25%). 

O candidato Marçal vem em sequência, com 19%, seguido de Tabata Amaral (PSB), com 8%, Datena, com 6%, e Marina Helena (NOVO), com 3%. Os demais candidatos somam 1% das preferências, os que pretendem votar em branco/nulo somam 7% e 4% não sabem em quem votar. 

Do ponto de vista dos números gerais, é possível afirmar que há um movimento crescente nas intenções de voto em Ricardo Nunes (que subiu de 19% para 27% desde 21 de agosto), oscilação positiva de Boulos no mesmo período (de 23% para 25%) e um freio ao movimento de subida de Marçal – que havia disparado de 14% para 21% entre o começo e a segunda quinzena de agosto, e parou de crescer nos últimos dois levantamentos.

Um olhar para os dados segmentados revela as movimentações em andamento no eleitorado. Boulos tem avançado paulatinamente no eleitorado de menor renda (até 2 salários mínimos de renda familiar mensal): tinha 14% nesse segmento no começo de agosto e agora tem 21%.

No entanto, o candidato segue atrás de Nunes neste público (o atual prefeito tem 27% das intenções de voto na base da pirâmide social). Na faixa de renda intermediária, de 2 a 5 salários mínimos, Nunes avançou 7 pontos desde a última pesquisa, do começo de setembro, enquanto Marçal viu seu crescimento freado (mantém-se entre os atuais 23% e os anteriores 24%). Entre o eleitorado com maior renda, Boulos lidera com 34% (eram 26% na última pesquisa), seguido por Nunes, com 23% (6 p.p. a mais que a última pesquisa) e Marçal com 21% (queda de 4 p.p. no mesmo período).

Entre quem votou em Lula no segundo turno da eleição de 2022, Boulos avançou 12 pontos desde o início de agosto, chegando a 52%. Nunes tem 17%, um p.p. a menos no mesmo período. Já dentro da parcela do eleitorado paulistano que votou em Bolsonaro, Nunes recuperou terreno: o atual prefeito subiu de 31% para 39% desde o levantamento anterior, enquanto o candidato do PRTB recuou de 48% para 42% no mesmo período.

No momento, duas linhas parecem se sobressair: a disputa entre Nunes e Marçal pelo voto bolsonarista decidirá a ida ao segundo turno – e Nunes parece ter vantagem por ter, além de um contingente significativo entre os eleitores do ex-presidente, presença nas camadas populares. 

A segunda é que a capacidade de Boulos de ampliar a conversão de eleitores de Lula em eleitores seus, e consequentemente aumentar sua presença na camada com menor renda, é caminho fundamental para garantir sua presença no segundo turno. Resta saber contra quem.

As pesquisas da próxima semana darão a dimensão do impacto do fato novo na disputa: a agressão do candidato Datena contra o candidato Pablo Marçal no debate promovido na TV Cultura na noite do último domingo (15). Estão previstas as divulgações de levantamentos da Quaest no dia 18 (quarta-feira) e Datafolha no dia 19 (quinta-feira). 

As análises do NOPPE sobre São Paulo integram o acompanhamento eleitoral que o núcleo faz a cada eleição, com enfoque neste ano de 2024 nas disputas municipais em cidades prioritárias por todo o Brasil.

Via Fundação Perseu Abramo.

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