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Doze teses revelam amplo espectro de posições

Jornal DS – 22. Diferenças centrais estão nas avaliações da crise vivida.

As doze teses inscritas ao 3º Congresso do PT mostram que há uma renovação do campo de unidade do partido, o que indica uma superação das grandes tensões que surgiram durante o primeiro mandato do governo Lula. Posições liberais, como aquelas defendidas de modo tão enfático e público pelo ex-ministro Palocci, praticamente não comparecem ao debate petista. O campo da defesa de um desenvolvimento com distribuição de renda, com diferentes inflexões e radicalidades, dá o tom. Todas as teses reclamam-se do socialismo e do anti-capitalismo, embora não haja uma clareza de como estas convicções vinculam-se à experiência de governar o país.

É na avaliação das crises vividas que as diferenças revelam-se mais enfaticamente, embora predomine um tom, em geral, auto-crítico mas reafirmador dos valores e da história do PT. Mesmo a tese que mais representa a continuidade do antigo campo majoritário – “Construindo um novo Brasil” – faz uma série de auto-críticas importantes, embora, de forma equivocada, não reconheça nenhuma responsabilidade especial nos acontecimentos.

Prevalece um tom confiante e esperançoso no papel do partido e em uma experiência de governo do país alargada e aprofundada em seu sentido transformador. Isso é uma conseqüência direta da grande derrota imposta aos neoliberais e conservadores na disputa eleitoral em 2006.

Essas dimensões positivas não devem, no entanto, levar a subestimar um grande risco: o do debate do 3º Congresso não chegar a uma síntese das mudanças necessárias ao PT. Isso pode ocorrer se o processo do Congresso não ganhar o impulso necessário junto à base e se for dominado por falsas e desqualificadas polarizações, como aquela que tenta barrar a crítica às rupturas com a história e com os princípios fundadores do PT, que mergulharam o partido numa grande crise em 2005, com um artificial “patriotismo de partido”. Essa falsa polarização serve ao propósito reativo de conformar lealdades a “campos” já ultrapassados. O que precisamos é o oposto disso: fraternidade petista, capacidade de dialogar e abertura para novas sínteses de posições. O espírito do 3º Congresso deve ser o espírito da mudança e da superação dos impasses do PT.


 

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