Por Thathi Gurgel
No último final de semana, 7,7 milhões de inscritos fizeram a prova do ENEM em todo o Brasil. Consideramos o Exame deste ano um grande avanço para a educação brasileira por tratar e reconhecer temas tão urgentes de nossa sociedade. Sabemos que o ENEM ainda não é o modelo ideal de prova e de forma de ingresso para as universidades, mas parabenizamos o MEC pelo tema da redação “a persistência da violência contra as mulheres na sociedade brasileira” e pelas questões sobre o hip-hop, o feminismo e o candomblé.
Reconhecer e falar sobre as pluralidades culturais de nosso país, das diversidades religiosas e das lutas dos oprimidos com certeza abrirá espaço para que a juventude que antes não chegava nas universidades, agora passe a entrar. Estamos falando sobre os Brasis que existem em nosso país, reconhecendo realidades e debates que nunca tiveram grande importância em nossa sociedade.
Em 2015, foram inscritos 7,7 milhões de candidatos para o exame que valerá para o ano que vem e, de acordo com o site do Sisu de 2016, devem ser oferecidas mais de 370 mil vagas para universidades públicas. Isso representa um aumento de 55,4% em relação as 205 mil vagas oferecidas em 2015. Porém, mesmo com esse avanço significativo da ampliação de vagas, milhares de estudantes e jovens, em sua maioria negrxs, pobres e periféricos continuarão distantes do sonho de fazer cursar o ensino superior. De acordo com os dados, apenas 4,8% dos mais de 7 milhões de candidatos terão acesso à universidade pública em 2016.
Nos últimos 12 anos, foram criadas 18 universidades públicas no país, o Programa Universidade para Todos (Prouni) garantiu mais 1,4 milhão de bolsas integrais e parciais a estudantes de baixa renda, o número de vagas nas universidades federais tem crescido bastante, 1,6 milhões de estudantes se beneficiaram com o Programa de Financiamento Estudantil (Fies) e o sistema de cotas está formando cada vez mais negros e negras nas universidades. Mas queremos MUITO mais! Queremos que chegue o dia em que não seja mais necessário competir em um exame exaustivo para ter o direito à educação superior garantido, queremos universidades públicas de qualidade para todos os jovens brasileiros e queremos políticas sólidas de permanência estudantil para garantir que todos aqueles e aquelas que entraram possam permanecer e concluir seus estudos!
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