No instante em que a imprensa de todo mundo anuncia que os Estados Unidos ultrapassam a China no número de pessoas contaminadas pelo coronavírus e o país, sangrando pelo colapso econômico, sente o drama das mortes, nada mais conveniente para um governo que vem negando o caos agravado por sua própria omissão do que distorcer o foco da opinião pública, elegendo um novo anti-herói para inflamar o ódio no país e mitigar a perda de popularidade presidencial no ano eleitoral.
Ontem, 26/03, o procurador-geral dos Estados Unidos, William Barr, anunciou que acusará formalmente o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, por suposta associação com o narcotráfico, em conjunto com importantes personagens da política venezuelana, a exemplo do presidente da Assembleia Nacional Constituinte, Diosdado Cabello. Para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, em 2006, quando exercia o cargo de chanceler do país durante o governo do ex-presidente Hugo Chávez, Maduro teria recebido US$ 5 milhões de dólares das antigas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia – FARC, hoje partido político.
A provocação de ontem foi adornada com elementos de faroeste hollywoodiano: um cartaz com fotos de Maduro e o anúncio de recompensa por informações no valor de US$ 15 milhões de dólares.
O presidente da pátria bolivariana reagiu prontamente, refutando as acusações e nominando os asseclas do hediondo governo Trump de “cowboys racistas do século XXI”. A melhor resposta, contudo, foi a do atual chanceler da Venezuela, Jorge Arreaza, em seu Instagram (@jaarreaza.ve). Abaixo de um cartaz de “procura-se” divulgado contra o herói da Revolução Mexicana, Pancho Villa, mediante recompensa de US$ 5 mil, escreveu:
“Há 104 anos os EUA ofereciam recompensas pela captura dos Revolucionários mexicanos. Não mudam, não aprendem, não entendem que os homens e mulheres livres não se dobram jamais”.
Sem mais nem por. Bela resposta de uma nação que corajosamente vem enfrentando o imperialismo internacional e reagindo contra a perversidade de uma injusta guerra econômica patrocinada contra suas divisas, em detrimento do bem-estar do seu povo.
Marcelo Uchôa é advogado e professor doutor de Direito Internacional da Universidade de Fortaleza (UNIFOR). Membro da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia (ABJD) – Núcleo Ceará.
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