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Fora Bolsonaro! | Nota de Conjuntura da Democracia Socialista

Esse foi o grito de milhares nas gloriosas jornadas do dia 15 de Maio. Em mais de 200 cidades do Brasil, multidões foram às ruas, indignadas com o ataque do governo Bolsonaro às Universidades e aos Institutos Federais, uma fração dos serviços públicos que melhor funcionam no país.

Pela espontaneidade e a diversidade das manifestações, alguém poderia lembrar 2013. Nada mais equivocado. 2013 tinha uma nuvem de reivindicações e, ao fim, as pautas da direita se sobrepuseram. O 15 de Maio foi outra coisa. A própria luta contra a reforma da Previdência ficou subfocalizada. Como em tantas outras ocasiões da história do Brasil, a população, especialmente a juventude, foi às ruas pelo seu direito à educação.

A favor do PT e de seus governos, a memória recente: a extraordinária expansão da educação superior pública, sua diversificação social (hoje 70% das matrículas nas Universidades Federais procedem de famílias que têm renda menor que 2 SMs), sua diversificação racial (44% da população estudantil se apresenta como não-branca contra 21% em 2001), sua capilaridade e interiorização. A Universidade, orgulho e apanágio da classe média branca brasileira, tornou-se nos governos Lula e Dilma o sonho possível das classes populares. E tudo isso com a competente pilotagem de Fernando Haddad. Por isso, diferentemente das manifestações de 2013, o PT navegou bem as ruas de 2019, embora não as tenha dirigido. #LulaLivre foi o outro importante grito da galera.

Nesse quadro, impressiona a veloz deterioração do governo Bolsonaro. Perdido em disputas internas (o núcleo olavista agride publicamente o grupo militar e os militares também publicamente se queixam …), totalmente desarticulado nas relações com o mundo político, o governo se sustenta nas redes sociais (com um volumoso apoio de bots) e com a agenda neoliberal do fim do mundo.

A ameaça ao governo cresce com a quebra de sigilo bancário de Flávio Bolsonaro e de uma rede de 88 pessoas a ele conectado: a expectativa é de uma chuva de revelações sobre negócios escusos e relações com as milícias do Rio de Janeiro. Moro e o grupo lavajatista estão deslocados nesse contexto de poder que não controlam e que os desmoraliza: por outro lado, emerge sua contradição, cada vez mais agravada, com os tribunais superiores do país.

Os sinais de perda de apoio de Bolsonaro se avolumam. As ruas se manifestaram. A grande mídia, Globo à frente de todos, cobriu os protestos e deu flashes da interpelação do Ministro da Educação no plenário da Câmara. Grupos econômicos importantes tem manifestado a parlamentares desconfianças quanto à capacidade do governo de articular a pauta do mercado de uma forma satisfatória. A chamada “ base do governo” bate cabeça no Congresso com tal consistência que os Presidentes da Câmara e do Senado se ausentaram do país nessa semana crítica. No que foram imediatamente acompanhados pelo Presidente da República, que se deslocou para Dallas, sob o pretexto de participar de atividades para as quais não foi convidado….

Nada a comemorar. Muito trabalho a ser feito. O cenário em que nos movemos é extremamente complexo e contraditório. As forças que removeram o PT do governo prosseguem articuladas numa pauta antipopular, anti-estado e anti-nação, em cujo bojo se destacam as tentativas de destruir a seguridade social e de vender o país a preço de banana.

O bolsonarismo de raiz (da família Bolsonaro e dos Ministros fundamentalistas) prossegue tendo apoio num segmento da população, onde prosperam os discursos de ódio e o desalento com o sistema político. O personagem Bolsonaro opera para coesionar e fortalecer a militância desse setor.

Registramos, entretanto, novidade ontem no cenário: um tímido, mas bem-vindo, retorno da esperança. A educação superior é a fresta pela qual se move a expectativa de mudança social dentro do sistema. E parece que está ficando claro para a sociedade que esta fresta só pode ser assegurada e ampliada como política pública. Essa perspectiva de reconciliação do povo brasileiro com a política abre chance para uma ação lúcida e necessária do PT.

É hora de a direção do PT definir com clareza o papel do Partido num cenário de transformações políticas que se multiplicam, velozes e furiosas: liderar a população brasileira nessa etapa de declínio do governo Bolsonaro e no processo de restauração democrática, que passa necessariamente pelas ruas e pelas urnas.

À luta pela Universidade como direito do povo brasileiro, contra a reforma da Previdência e pela democracia no Brasil.

E pela liberdade de Lula, maior liderança popular viva no mundo, mantido no Brasil como preso político para nossa vergonha e nossa indignação. Lula Livre!

16 de Maio de 2019, Democracia Socialista – tendência do Partido dos Trabalhadores. 

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